sábado, dezembro 20, 2008

Napalm Death - Time Waits For No Slave


Napalm Death é o nome que sempre será lembrado pela maioria como o de "banda criadora do grindcore". Apesar de alguns alegarem que já havia uma banda japonesa fazendo isso, ou até que o Terrorizer já tocava antes deles, o Napalm leva o trunfo, e ainda rodeado de alguns fatos estranhos. Por exemplo: lançaram o álbum Scum com duas formações diferentes, uma em cada lado do LP. E nesse clima seguiram... Hoje, já não há sequer um membro original!
Times Waits For No Slave chega 2 anos após Smear Campaign. Na contramão do que muitos imaginavam, ele não segue inteiramente a mesma linha dos álbuns anteriores, que foi de repetir a mesma fórmula constantemente. De início, com a matadora "Strongarm" (porrada do início ao fim em todos os instrumentos, com direito a um ótimo revezamento do vocal gutural com rasgado) e as duas faixas seqüenciais a ela, pode até ser essa impressão dos anteriores. Todavia, do meio ao fim, fica claro que há elementos incomuns na história do grupo, como a adição de breakdowns e de umas passagens mais cadenciadas. A mistura entre os andamentos lentos, mornos ou velozes também é notável, e, francamente, isso não soa bem, pois torna as músicas indefinidas e bem medianas, sem aquele pique que deixa cada vez com mais vontade de escutar, encontrado na maioria dos demais álbuns. E como possui 50 minutos de duração, a maioria deles sem nada demais a acrescentar, o álbum acaba por se tornar demasiadamente decepcionador, vindo do Napalm. Escute "Downbeat Clique" e "Life and Limb" para entender. Lá no fim, ao menos, há mais um pico de empolgação, com "A No-sided Argument", dotada de um dos solos mais legais já registrados por eles.
Infelizmente, esse acaba por ser mais um na lista dos poucos álbuns do Napalm que não serão tão cultuados. É uma pena, pois tenho certeza de que a maioria aqui gostaria de poder presenciar um grandioso lançamento e vê-los tocando pelas terras brazucas, mas fazer o quê se a época do Scum e do Harmony Corruption já passaram? Download.

quarta-feira, dezembro 17, 2008

It's All Red - Vicious Words From The Heart


Vermelho é a cor que vem à mente quando qualquer tipo de emoção intensa toma conta.
Certamente foi pensando nisso que nomearam banda. Os porto-alegrenses chegam com uma atitude enérgica, ousada e interessante com o debut Vicious Words From The Heart.
Prepare-se para gostar ou repulsar o som deles, porque as referências aos sentimentos não estão só no nome da banda e das músicas, mas nas melodias e estruturas em si, sejam de ódio ou frustração (ao menos soam com essa tonalidade). O lance aqui é recheado de influências, com predominância do death metal, do NY HC e do alternativo. Tudo muito extremo, para lhe deixar com pensamentos extremos. Pegamos, por exemplo, "Poisonous (His darkest wishes made flesh)". Tem uma forte pegada hardcore, passagens com blast-beats, vocal super podrão, coros no melhor estilo gangueiro e um refrão muito limpo, levemente chorado e emotivo. Parece até uma aperfeiçoação de It Dies Today com Throwdown. Para muitos é o fim; a outros, porém, é excelente! Encontro-me na segunda das opções, pois eles conseguiram juntar coisas bem distintas sem agredir os nossos ouvidos. "Inventory Of The Missing Things" possui um refrão super viciante, uma letra excelente e um final contagioso, de tão empolgante! Vão mantendo o clima dessas no CD inteiro, tendo como outro pico a faixa "Crime Room", na qual há a participação de uma excelente vocalista, dividindo tudo na dose exata com o vocalista. A única coisa estranha desse som são uns barulhos que parecem ser uma caixa de "bateria eletrônica". Meio ocultos, mas presentes em vários momentos. "A party is not a party unless someone gets home devastated" é outro destaque, recheada de atraentes linhas de guitarras e um refrão no estilo "hey hey hey", em coro. Para finalizar, "The Arrival Of Ages" dá uma parada para dar mais uma pincelada do grande talento dos guitarristas, onde tocam algumas notas limpas e marcantes. É o mesmo esquema de bandas como o Callisto, ou seja, excelente (na "... And So On" também rola um lance assim).
Atualmente, passaram por uma mudança de formação: Troca do vocalista. Segundo a maioria dos ouvintes, foi para melhor. E o segundo álbum será melhor ainda!
Mesmo com a produção bem crua e levemente abafada, Vicious Words From The Heart mostra uma banda promissora! E isso não é só dito por aqui, como na edição #2 da revista HORNSUP, mas em vários sites gringos. Quer saber mais? Procure, então. Download.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Aphex Twin - Windowlicker


Richard D. James, vulgo Aphex Twin, é um dos mais bem-sucedidos artistas do ramo eletrônico. Considerado por muitos como o criador do "IDM" (isso já foi explicado em um post do Monolake), além de um dos principais criadores do "ambient techno" (escute o álbum Selected Ambient Woks), foi eleito "a mais influente e criativa figura da música eletrônica contemporânea - pelo jornal inglês The Guardian.
Windowlicker, EP lançado em 1999, é uma boa amostra de tudo isso. Começamos pela faixa-título: Temos de tudo aqui! Ambient, glitch, experimentalismo, IDM e até algo futurístico! Sim, futurístico! Já se vão quase 10 anos, mas a sonoridade continua mais que atual. Essa faixa será a trilha sonora do meu verão. Predomina um clima sexy, graças às vozes femininas que sussuram em coro, com leves batidas e uma linha de baixo eletrônico bem charmosa. Como é uma música super-progressiva, logo vão aparecendo os "glitches" (barulhos estranhos, como se fossem 'erros' de algum programa ou equipamento, distorção digital, reverse, etc), que ficam até o fim, e na última parte temos uma sonoridade distorcida ao extremo, com batidas camufladas e altamente viciante! Sem dúvida alguma, é um clássico da discografia dele! Mas não pára por aí, não. "ΔMi−1 = −αΣn=1NDi[n][Σj∈C{i}Fij[n − 1] + Fexti[n−1]]" (vai saber o que é isso?! Seria a fórmula dele para compor?!) é uma mistura de drum and bass bem rápida, com muitos glitches, vozes e sons indescritíveis. Por fim, "Nannou" é como uma viagem ao passado, mais precisamente até o dia em que você abriu uma caixinha de música e ouviu aquele sonzinho limpo, como o de um piano, a tocar.
Foi criado um vídeo para a faixa-título, dirigido por Chris Cunningam (esse cara faz cada obra!), que rendeu um prêmio de melhor vídeo no Brit Awards 2000. Esse vídeo é uma paródia para com os artistas de rap que vivem naquele estilo 'rico'. No clipe, dois rappers estão passeando até encontrar duas mulheres, as quais se recusam a entrar no carro deles. Discussão vai e vem, o carro deles acaba atropelado pela limusine de 38 janelas, onde está Richard, que logo sai do carro e começa a dançar. Se eu for contar o clipe inteiro, vai longe! Procure no youtube que vale a pena! Além disso, diversas imagens são perturbadoras, e há também cenas bem picantes - fatos que levaram o vídeo a ser censurado.
Windowlicker soa como um trabalho original e ousado, muito adiantado para a época em que foi feito, permanecendo assim até os dias de hoje. Download.