domingo, dezembro 27, 2009

Ride - Nowhere


Se há um rótulo que o pessoal deste blog acha muito "maneiro" este rótulo é o Shoegaze. Um nome que a princípio não diz nada, longe de ser algo como space rock ou heavy metal, quais tens suas explicações explícitas em seus nomes, o shoegaze faz tu imaginar qualquer coisa, ou vai dizer que antes de saber o significado desse subgênero do subgênero do rock alternativo, imaginava que tinha algo a ver com guitarras barulhentas e lindas melodias?
Pois bem, o Ride, um quarteto inglês, formado no final dos anos 80 em Oxford, conheceu o rótulo logo em seu nascimento e desde então trataram de renegá-lo (totalmente em vão, pois até hoje são "famosos por ele). Nowhere foi o primeiro disco do grupo, lançado pela aclamada gravadora Creation, é tido como o grande clássico do grupo e um dos maiores discos da década de 90. Curiosamente, esse disco é também conhecido como "o segundo maior clássico do Shoegaze", ficando atrás apenas de um disquinho chamado Loveless, a grande obra prima do My Bloody Valentine.
Tendo como elemento principal as guitarras barulhentas, ecoando disco a fora, o Ride também consegue, e muito bem, aliar todo esse trabalho noise e dar uma linda forma para essas 11 canções. A abertura não poderia ser diferente, "Seagull" te joga diretamente dentro de um redemoinho de guitarras e chega te "embaçar" os ouvidos. "Polar Bear" e "Dreams Burn Down" mostram a face mais melódica do grupo, num clima bem cinzento e melancólico, sem perder a beleza e o zumbido.
"Taste" é o único single do disco, segue uma linha mais pop, na linha do rock inglês 80/90, fortes influências de Smiths e Jesus And Mary Chain. O título de música mais bonita do disco, sem sombras de dúvidas, vai pra "Vapour Trail", com uma introdução emocionante, carrega um instrumental impressionante, um trabalho realmente fantástico. A faixa título fecha o disco em grande estilo, "Nowhere" tem o poder de te levar exatamente para a imagem da capa do disco e dá a sensação que está te levando para seu título: nenhum lugar.
Não tenho costume de descrever e citar músicas, porém, quando todas as músicas estão acima da média, fica difícil. Um dos maiores clássicos perdidos da década passada e de todos os tempos. Download.

domingo, dezembro 13, 2009

Built To Spill - Keep It Like A Secret

Guitar Bands talvez seja uma das definições mais legais que existem na cena musical. É um termo bem específico, nem tão usado e acredito que nem seja tão "oficial" quanto qualquer outro, mas quando tu ouve alguma banda que possa se encaixar nessa classe, tu sabe dizer rapidamente.
Não se trata de uma banda com 30 guitarrista em cima do palco duelando heroicamente, só pra ver quem faz o maior solo com o maior números de notas por segundo em menos tempo, longe disso. De certa forma houve uma "revolução" quando os Pixies, Dinosaur Jr., entre outros resolveram usar a guitarra como o instrumento principal de suas bandas, todo o som é guiado pela melodia das seis cordas.
O Built To Spill é uma das melhores crias dessas tais Guitar Bands. Tu se dá conta disso quando conhece o mentor da banda, o incrível senhor Doug Martsch, o cara que tem a habilidade de fazer músicas pegajosas, densas, impactantes que consegue sôar totalmente descompromissadas, logicamente, aliadas as letras cotidianas, confusões e encrencas que passam na mente, cantadas de maneira limpa e bonita. Essa definição foi ridícula, mas foi o mais perto que consegui.
Formado em 92, em Idaho, Keep It Like A Secret é o quarto disco do grupo, lançado em 1998, e foi o responsável por equilibrar o status comercial da banda, que era bem fraco, com o status de sucesso crítico, que foi as alturas com o lançamento do álbum anterior, um dos clásssicos do grupo, Perfect From Now On.
Uma das características da banda, presente nos álbuns anteriores, são aquelas Jams enormes de solos guitarreiros que te levam numa viagem sem fim, influência pura do mestre Neil Young. Nesse disco também estão presentes, porém não tão evidentes, ao invés de fazer poucas músicas de longa duração, todas aquelas jam cerebrais foram diluídas através das 10 faixas do disco, por isso todos dizem que este é o disco "pop" do grupo. Não discordo, porém o Built To Spill não é uma banda que chega ser "inacessível", bem pelo contrário, o grupo consegue fazer canções muito boas, de melodia tristonha e uma sonoridade bem limpa, que eclodem em riffs e solos fantásticos.
O melhor disco para se começar e encatar-se com essa baita banda, a equação exata entre o fácil e o difícil dentro da música do Built To Spill chama-se Keep It Like A Secret. Download.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Superchunk - On The Mouth


O Superchunk poderia muito bem ser considerada uma baita banda só por ter como membor principal o genial Mac MacCaughan, conhecido como o cara que criou a Merge, gravadora por onde já passaram banda como Trail Of Dead, Buzzcoks, Dinosaur Jr., Spoon, Teenage Fanclub, pra não citar o maior sucesso de vendas Arcade Fire e que hoje já não vive uma fase tão boa, não é mesmo Touch And Go?
Vamos combinar que essa já seria uma boa desculpa pra tu se interessar na banda do cara, mas o pior é que a banda dele é realmente boa. Formado no finalzinho dos anos 80 no Estados Unidos, mais especificamente em Chappel Hill na Carolina do Norte pelo já citado Mac, e a baixista e "a outra metade de tudo isso", Laura Ballance, tocavam o puro indie rock americano dos anos noventa.
Engraçado o fato da banda ter um selo tão massa quanto o Merge, eles começaram a carreira com contrato com a Matador Records e On The Mouth é o terceiro disco deles, saíu lá por 93, época bem ingrata pra quem não usava camisa de flanela. Tá certo que esse não é o melhor disco do Superchunk, já digo logo de cara, mas por se tratar do meu preferido, é por isso que tá aqui.
Com um início arrasador, "Precision Auto" é uma pedrada certeira, misturando velocidade e melodia, segunda característica que define bem o trabalho do grupo e que fica bem evidente nesse disco. Criticado por não ter a mesma pegada dos anteriores, pois começa rapidaço e empolgante, e durante a execução pode perder um pouco o brilho por tirarem o pé do acelerador, mas nada que não é compensado pelas ótimas melodias, o vocal agudo e ímpar do seu MacCaughan.
Muito comum chamar de evolução um caso desses, esse pode ser uma boa definição. O som clássico do grupo está presente e evidente, aquele som vigoroso com muita energia e só pra ser repetitivo, melódico, embrião de um pop-punk. Passam velozmente em "From The Curve" e "Package Thief", músicas que podiam figurar tranquilamente nos álbuns anteriores, para momentos mais lentos e não menos calmos de "Swallow That", exemplo de como fazer uma "baladinha" que culimna de maneira grandiosa. Falando em fim, o disco poderia muito bem terminar na "porradinha" de "Flawless", canção número 12, pois a última faixa, "The Only Piece That You Get", apesar de fazer bem o clima de fim de festa, não agrada muito, ponto a menos.
Pela nostalgia dos grandes tempos de Hüsker Dü e Replacements, de quando a SST era a gravadora mais afude do pedaço e a SubPop não dava nem os primeiros passos ainda, esse é o Superchunk, banda que não fez parte desse tempo, mas que mandou muito bem nos 90's. Download.