sexta-feira, junho 20, 2008

Biosphere - Autour De La Lune


Falar de Autour de la Lune exige responsabilidade. Não apenas porque todo álbum do Biosphere é especial, mas sim porque esse possui muitos fatos importantes o envolvendo. Ter ganho um prêmio do governo francês - bem como de uma rádio - em um festival, ter utilizados sons que foram adquiridos após ganhar acesso aos arquivos da mesma rádio anteriormente, datados da década de 1960, e também por - o mais surpreendente de tudo - usar sons originários da estação espacial MIR, são apenas alguns dos fatos mais interessantes, sem esquecer que o título do álbum foi inspirado num livro de 1868. Num breve resumo: O livro fala sobre uma viagem espacial que ocorreu centenas de anos mais tarde.
Lançado em 2004, esse álbum não tem conexões com nenhum outro lançado por Geir Jenssen. De fato, continua sendo ambient, mas dessa vez é um ambient diferente, sem outros sons ou instrumentos, sem efeitos muito notáveis, porque tudo é absolutamente muuuuito lento e abstrato. Um ambient profundo, para ser mais preciso. Logo na primeira faixa, "Translation", cujos 21:43 minutos já deixam sub-entendido o que mais está para vir, você pode decidir se encara ou desiste. "Rotation" é agonizante! Talvez pela impressão de se estar sozinho em meio ao espaço, trancado em uma nave e criando sonoridades caóticas. Todavia, em "Modifié", a trip vai melhorando. Os sons agonizantes dão lugar à microfonia, a sons sem noção e relaxantes, recheados de suspense e que, provavelmente, são vozes camufladas com aquela tonalidade robótica e distorcida. Aí é para se sentir no espaço, mesmo sem ter ido lá algum dia. Como? Geir Jenssen é um gênio, dispensa explicações. "Vibratóire" é um som que me deixou tão concentrado, que acabou tão rapidamente a ponto de me deixar assustado! A freqüência extremamente grave nessa música é de rasgar as caixas de som, então, cuidado. "Déviation" é a continuação desse som, porém agora a freqüência ultra-grave não viaja sozinha. Há uma atmosfera tranqüilizante no fundo, enquanto a freqüência fica mais nervosa. A mistura entre relaxamento e tensão cresce! O som agudo que surge em seguida (como uma panela de pressão), funde-se a outros, como o som de algo em funcionamento (esse deve ser o som principal da MIR). Nessa são 10 minutos de pura estimulação da criação de dopamina. E o grave continua a apavorar, mesmo se você eliminar os graves no equalizador. Isso é drone, similar a Sunn O))), compreende? "Circulaire" é a última com essa freqüência grave, só que dessa vez completamente espalhada, em espetaculares efeitos de estéreo. Tudo vai progressivamente e lentamente evoluindo, até que você irá se ver sugado pelas ondas, entrando de cabeça no espaço e... TUM! Um som grave retém a atmosfera (seria um buraco negro?), para tudo acontecer novamente, como no início do som, e depois se repetir por uma última vez. Que admirável! "Disparu" parece uma desconexão com a lua, ou o espaço. Isso soa como um contato com um planeta belo e tranqüilo. A volta ao espaço se dá com "Inverse", mais um som com graves tensos, atmosferas que crescem rapidamente, somem e lhe deixam no vazio, se bem que tudo é vazio, com som ou não, afinal, estamos flutuando no espaço! "Tombant" é como entrar em uma máquina, só que na velocidade da luz. Infelizmente o álbum acaba por aqui.
Recaptulando: Não escute em caixas de som miseráveis. Se for fazer a audição com fones, faça com aqueles fones gigantes de lan house (aqueles que, geralmente, custam mais de R$100,00). O mais recomendável é fazer num carro que tenha bons graves, mas que não abafe os agudos. Esse álbum pode parecer tanto uma viagem como barulhos sem noção. Tudo depende de você e das condições ao redor. 76 minutos em 9 músicas... Uma esplêndida viagem espacial... Ah, que lindo! Download.

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