quinta-feira, outubro 30, 2008

Asian Dub Foundation - Punkara


Uma coisa que me irrita profundamente na música são “artistas engajados” e isso não é de hoje. Desde os tempos mais remotos, décadas atrás, artistas tentavam usar a música para fazer do mundo um lugar melhor. Só tentavam… muita conversa mole e pouca ação. Hoje como exemplo maior temos o U2, que acha que cantando No More! No More! de "Sunday Bloody Sunday" podem fazer diplomacia entre qualquer país, ou Sting, do falecido-recém-ressuscitado-com-fim-próximo Police, que de alguma forma, pretendia cantar "Roxane" até que ninguém mais cortasse uma árvore sequer na Amazônia.
Só que há bandas que conseguem fazer músicas realmente engajadas, com um discurso realmente palpável, pois quem não lembra do Rage Against The Machine? Apesar das boas letras, que os deixaram muito conhecidos, a maioria realmente apenas se importa com a música, principalmente em uma terra que se fala português e além do mais, quem se importa com letra? Bom, música não precisa ser necessariamente poesia, não precisa nem ter uma letra, mas eu devo dizer, que com uma letra boa fica BEM MAIS AFUDÊ (ainda mais quando tu entende). Apresento-lhes o coletivo Asian Dub Foundation.
Iniciado nas idas dos anos 90 em Londres, o grupo surgiu de forma interessante: Em uma série de Workshops para ensinar música eletrônica para crianças asiáticas em Londres, começaram as primeiras batidas do ADF, que esse ano chegam ao seu sexto disco, esse mesmo, chamado Punkara.
Para aqueles que não conhecem, o Asian Dub faz hoje uma das misturas mais sensacionais da música “moderna”. Eles tem com base a música eletrônica, mas fogem totalmente desse universo: suas influências variam desde o Punk (evidente em guitarras e Ideologias) até música ambiente, e muito notável a experimentação com os ritmos asiáticos, indiano, árabe e dos balcãs, assim como o evidente flerte com ritmos mais “grooveados”, hip hop, ragga e dub, só para explicar o nome.
É um disco bom, que continua na luta contra o racismo dentro da cultura nacionalista britânica, e que dissemina a idéia para todos os lugares, onde esse tipo de burrice, é realidade. Um disco pesado como o ótimo Enemy Of The Enemy, e melhor que o anterior, Tank, um disco que passou batido, e que eu não costumo ouvir e nem dar indicações.
O problema mesmo é por ter altos e baixos, músicas fudidamente boas, Super Power, que abre o disco é o convite pra festa-salada-musical, uma mistura bem afinada de cordas indianas com guitarras, tu vai querer até dançar. E como não poderia ser diferente, o destaque total para o cover de Stooges: "NO FUN"!!! PORRA, e como se não bastasse, os ingleses ainda conseguiram com que a lenda viva IGGY POP cantasse junto. Influência clara do grupo, fizeram uma versão ao estilo eletro-folk-dub com o aval de Pop, simplesmente inexplicável.
Ao mesmo tempo, o disco não tem o mesmo brilho de outros anteriores, muito se deve a troca de vocalista, saíu Deeder Zaman, um dos jovens que o grupo descobriu no início da história, por Al Rumjen, também de origem oriental, tocava em uma banda de Ska Punk chamada King Prawn. Apesar do ótimo background, quem acompanha o conjunto sentiu uma perca, mas sem nunca deixar de apoiar e fugir da briga.
Fiéis as origens, sempre incendiários e com discurso na ponta da língua, chamam atenção por ser um dos poucos grupos extremamente politizados que falam “coisa com coisa” e que ainda assim, tem um som bom pra caramba. Mesmo se tu não tiver nem aí pra letra… Dance Revolution. Cada vez mais o som do ADF se encaixa em nossa época. Nada de politicagem chinfrin. Download.

terça-feira, outubro 21, 2008

Bison B.C. - Quiet Earth


Banda iniciante, mas muito promissora! Isso foi dito no post do Mastodon (não por mim, mas...), e o que aconteceu?
Quatro rapazes canadenses formam o Bison B.C., essa banda cujo som é, de certo modo, um pouco inovador. Ok, todos aqui já escutaram thrash metal e bandas com vocais "plagiados" do Mastodon, eu sei, porém a maneira como esses caras fazem tudo isso, soa um tanto quanto original. É o thrash metal mais sujo e pesado dos últimos tempos! Sem dúvidas pela produção à la Sludge Metal, totalmente saturada de peso e distorção. Mas aí é que está o grande lance, pois, como já falei, eles não tocam sludge, mas, sim, thrash metal, e incrivelmente com algumas escalas e solos de blues (!!!), bem como passagens recheadas de loucura (Stoner Metal? provável) e alta progressão em algumas faixas.
Quiet Earth nos mostra uma banda fazendo um som bom e com maestria, fatos que melhorarão com o passar do tempo, pois certamente farão muitos shows e tocarão com mais freqüência. No momento, contudo, é um pouco de exagero falar que se trata de algo grandioso, mas está a caminho. Enquanto isso, vá escutando a pegadona "Dark Trowers", ou, quem sabe, viaje com a longa e estranha "Wendigo Pt. 1 (Quest For Fire)". Download.

quarta-feira, outubro 15, 2008

Blind Melon - For My Friends


Blind Melon pode ser considerada como uma banda de One-hit Wonder, pois quem não lembra de "No Rain" e guria coitada vestida de abelha?
Pra quem deu uma passo a frente e resolver conhecer a banda, se deparou com uma baita trabalho e musicos profissas. O primeiro disco deles é uma mistura perfeita entre Folk, Country, Swingado Rock. Como estavamos nos anos 90, chamavamos de rock alternativo.
Conheceram a fama muito rápido e logo, recebemos a notícia que o vocalista Shannon Hoon tinha morrido de overdose, mesmo depois de ter prometido parar após o nascimento de sua filha, Nico Blue.
A notícia que mais me deixou apavorado foi que em 2006 eles resolveram voltar, mesmo sem Hoon. O mesmo que o Alice in Chains fez, e o que o Queen anda aprontando, porém eles não gravaram um disco. O Blind Melon sim.
O nome do novo vocalista é Travis Warren, que cantava numa banda chamada Rain Fur Rent. For My Friends saiu do forno esse ano e passou mais despercebido que a volta de Zack De La Rocha aos estúdios. Um disco que continua exatamente onde eles pararam, das melodias psicodélicas e acústicos bem feitos, passando pela melancolia até a alegria em questão de acordes, mas sem o mesmo feeling.
A primeira coisa que veio a mente quando me deparei com esse disco foi: Contrato com Gravadora. Informações verificadas, eles lançaram o disco de maneira independente e não se tratava de lançamento por cabestro. Parece que a banda realmente se juntou pelo espírito de Jam Band que eles têm, meter o pé na estrada e fazer shows, pois dinheiro é o que eles não vão conseguir como no auge dos anos 90.
Provavelmente não irão conseguir muitos fãs novos, já esperado, mas com certeza vão fazer a alegria de alguns, que assim como eu, ainda gostam deles, mesmo sem o carisma de Hoon. Download.

dEUS - Vantage Point


dEUS é uma das poucas bandas belgas que conheço, e a única de rock. As outras todas são de Metal, um dos bom produtos oriundos dessa terra, assim como o chocolate de Bruxelas (Equivalente a Gramado no RS).
Nunca botei muita fé neles, mas sempre achei interessante o nome e principalmente a grafia estilizada. Finalmente, esse ano eles chamaram a atenção pela música e não pelo nome: Vantage Point é com certeza um dos discos de 2008 que eu mais escutei e ainda não saíu do meu carro.
As influências são as mais variadas, desde Free Jazz ao Kraut do Can, até a bizarrice do Zappa ao barulho do Velvet Underground. Essas influências eram bem mais evidentes nos discos anteriores, Vantage Point tem uma atmosfera mais calma, bebendo fortemente na veia pop, com alguns traços de post-grunge e viva os rótulos!
Tendência Pop bem balanciada com experimentalismo, de eltrônicos e ritmos oitentistas. Música agradável e que deixa qualquer Coldplay no chinelo, não é por menos que foram a primeira banda de rock belga e ter contrato com uma gravadora major. Até hoje não consegui achar uma resenha que passasse o real espírito da música do dEUS, e com certeza não será essa, além dos clichês sobre a Bélgica e influências, é claro. Download.

segunda-feira, outubro 06, 2008

Rosetta - The Cleansing Undertones Of Wake/Lift


Quem lembra do álbum Wake/Lift, da Rosetta? Pois bem, logo na primeira faixa já fica claro que possui um "quê" a mais. É difícil, mas quem escuta música com bastante atenção percebe que o álbum é recheado de samples e sons de fundo. The Cleansing Undertones Of Wake/Lift é exatamente isso! Todos os samples, atmosferas, ruídos e o que você imaginar que foi adicionado às músicas do grupo.
Deve-se priorizar algo desde o início: A ordem das músicas aqui, bem como de cada sample nas composições, não coincidirá se tocada junto ao álbum normal. Segundo a banda, isso é proposital. Como resultado de todo esse 'background', temos um disco totalmente experimental, feito apenas dos ruídos, distorções, microfonias, samples agradáveis de ambient, dissonâncias, ou seja, é ambient/noise. A priori, quando soube desse álbum, imaginei algo diferente e mais agradável. É isso, mas não em alto grau. A parte noise comanda quase o tempo todo, bem como o experimentalismo. Não é o álbum mais adequado para ouvir e relaxar, mas certamente pode render uma trip, se você estiver sob o efeito de álcool ou drogas. As músicas vão de 9 a 11 minutos. Nada disso será usado novamente, segundo declaração banda, por questões de ética e respeito aos ouvintes, o que, convenhamos, é uma atitude digna.
Tentar explicar mais é em vão. Assim como é difícil achar uma agulha em um palheiro, é difícil explicar um CD que não contém instrumentos, ritmo, ou qualquer característica definida. Resumidamente: Um álbum igual à capa. Download.

quinta-feira, outubro 02, 2008

Intronaut - Prehistoricisms


Intronaut é o nome de uma das mais novas e experientes bandas do atmospheric sludge. Nova pois seus primeiros trabalhos são datados de 2006, experiente pelo fato de, até pouco tempo atrás, ter possuído um ex-membro de grandes nomes do death metal mundial, das bandas Impaled e Exhumed, o qual passou grande conhecimento aos restantes membros, além de possuírem uma quantidade bem considerável de materiais.
Prehistoricisms é o seu segundo full-lenght, sucessor do bom e bonito Void. Na introdução "Primordial Soup", a banda nos apresenta uma bela guitarra limpa, junta a sons flutuantes típicos do estilo ambient/atmospheric, dando uma leve pincelada do que é aprimorado em músicas como "The Literal Black Cloud" e "Prehistoricisms". Só que nessas e nas demais há um algo a mais, e quem conhece o estilo já deve imaginar, que são as bases de baixo e guitarra totalmente saturadas de peso e distorção, geralmente bem monotônicas, vocal agressivo e bateria lenta e socada. Uma das características que mais surpreende nesse novo álbum dos californianos, é que ousaram-se a incrementar certa velocidade alta em algumas faixas, e até um solo de bateria em "Any Port". Também seria injusto não falar da épica, tranqüilizante (na primeira parte) e super-progressiva "The Reptilian Brain", recheada de sitar e percussões no melhor clima indiano (já ouviu Ravi Shankar? Muito similar!) no início, alternando somente para um instrumental limpo, e quebrando tudo ao fim em seus quase 17 minutos de duração, fechando o disco de uma maneira totalmente inesperada!
Ao escutar Prehistoricisms diversas vezes, a conclusão a qual se chega é que a Intronaut vem de vez para conquistar seu merecido espaço dentro do estilo, ainda mais por apresentar certas inovações. É um belíssimo álbum, sem dúvida alguma o melhor já lançado por eles! Download.

quarta-feira, outubro 01, 2008

Trivium - Shogun


Pois bem, chegou ao fim a expectativa por um novo álbum do Trivium, que pode ser representada por um dos discos mais esperados por 25% dos contribuintes do blog, ou seja, eu. E como não poderia ser diferente, esse vai ser mais um texto similar a todos os outros que se pode encontrar na internet sobre o disco, que contenham as palavras: Jovens, Metallica e Chute na bunda - em todos os idiomas, sem exceções.
Começamos pelo maior clichê: Seguindo as tendências das revistas britânicas (Pois os americanos eram muito bundões para assumir), o Trivium era cotado para ser a nova promessa metálica em 2005, quando lançaram o disco Ascendancy, fortemente influênciado pelo metalcore americano e com alguns traços mais Thrash "melódico", em suma, um belo disco, mas longe de originalidade e uma grande simpatia com a crítica.
No ano seguinte a promessa do Trivium ser um dos grandes nomes do metal mudou: passaram a ser chamados de o novo Metallica. The Crusade, o disco de 2006, explorou muito mais a parte melódica da banda, no quesito melodia mesmo e não no sentido perjorativo. Memorável trabalho de riffs, num estilo meio Thrashcore, com as linhas vocais limpinhas, que muita vezes lembravam nosso amigo Hettfield.
Pra mais aprendizado, na turnê do Crusade, o Trivium deu uma banda pelos Estados Unidos e Europa umas duas vezes, com bandas do calibre de: Maiden, Metallica (o de verdade), Korn, Arch Enemy e Machine Head. No final do ano, ainda ganharam o prêmio de uma revista, de melhor banda ao vivo e toda essa bagagem fez aumentar a experiência e a confiança, que foi facilmente enganada por arrogância.
Final de contas é que o Trivium não virou o novo Metallica, pois o próprio Metallica fez isso (Death Magnetic, mané). O Trivium fez algo mais difícil, mas não sei se mais importante, que foi gravar pela primeira vez um disco com a própria cara da banda, sem nenhuma comparação ou estilo genérico.
O primeiro grande passo, foi o chute na bunda do produtor Jason Suecof, que trabalhava com ele desde o primeiro disco, o terrível Ember to Inferno, por um sujeito mais experiente, Mr. Nick Raskulin, que trabalhou com o Foo Fighters, Mondo Generator, Rush e Velvet Revolver. As declarações da banda eram algo do tipo "Queremos pegar os melhores ingredientes dos álbuns e fazer um disco completo". O baixista Paolo foi ainda mais longe "The Crusade foi um disco que sôa pequeno, queremos fazer um Cd pra chutar todas as bundas".
Ainda mesmo em 2007 começaram as gravações para o anunciado Shogun, que agora, já deve estar chegando nas lojas de todo o mundo, e que nos HD's, chegou há mais tempo. Então vamos pro que interessa.
Shogun é definitvamente o trabalho mais bem feito até agora pelo quarteto americano da Flórida, e isso não significa que seja o melhor. As declarações pré-gravações foram levadas bem a sério e o que temos aqui são os riffs matadores do Crusade, com mais alguma complexidade e perigo e os altas doses de gritos, peso e velocidade do Ascendancy, um bom jeito de chutar o teu traseiro.
Mas ao mesmo tempo, é um disco difícil de se engolir, devido as mudanças drásticas que ocorrem no "andar da carroagem", a passagem da porrada, pro leve, pra mais porrada ainda, dificulta certa vezes, até estar de acordo com a proposta. Certamente alguns fãs de metal não se sentiram muito a vontade com a idéia, pois certas musiquinhas tem forte apelo POP, isso mesmo, refrão grudentinho e tal, e depois andamentos meio desconcertantes. Falando assim até parece mais uma banda genérica, mas logo no início eu disse "Originalidade", não se esqueçam.
As estruturas foram elevadas a uma nível mais alto, e os riffs, meu deus, os riffs.. é um cima do outro, que se misturam entre os coros em várias camadas ou até vocais semi-guturais, que é quando o peso se solta e a bateria é socada sem dó, chamando o espírito headbanger pra balançar o cabelo, mesmo que não tenha.
Mas como nem tudo são flores, ou espadas Hanzo, Shogun é um disco que contém alguns pontos fracos, algumas músicas que não empolgam TANTO, mas que não deixam a peteca caír - os pontos altos dominam e compensam - "Krisute Gomen" é uma abertura devastadora, com andamentos que beiram o Death, uma experiência sem precendentes, qual foi escolhido para ser o primeiro single do disco, que logo dão espaço pra "Torn Betwenn Scylla and Charybdis", que logo de cara, virou uma das minhas favoritas, graças às melodias alá Amon Amarth. Os outros singles escolhidos foram "Into The Mouth Of Hell We March", legalzinha e chicletona (acabou parando na trilha sonora da série Madden NFL) e "Down From The Sky", outro grande ponto alto, intensa e viciante.
A parte musical já foi absorvida totalmente por mim, e já é um grande candidato para meu top 10 pessoal, pro final do ano, mas o que eu ainda não consegui consilhar foi a arte do disco e seu nome, com o conjunto da obra. No disco anterior, tinhamos um conceito, muito interessante por sinal, que eram todas músicas sobre Seriais Killers (?), e agora a única música que consigo ligar ao tema Japa, é a última faixa, um épico de 11 minutos que leva o nome do disco. Bom, talvez seja a mesma idéia do Powerslave do Maiden, onde a capa, nome do disco e todo o palco está ligada a apenas uma música... espero estar errado sobre isso.
É sim o disco mais desafiador deles, e mais ambicioso, uma maneira de acabar com todas as suspeitas sobre o talento da jovem banda e tentar firmar mais ainda no terreno metálico, mostrando toda a devoção da banda pelo bom e velho metal. Agora, só espero e torço, para que consigam a mesma popularidade e êxito, ou até mais ainda, que obteram no disco anterior, as chances são grandes e eu continuo apostando violentamente neles. Download.