sexta-feira, julho 17, 2009

Obituary - Darkest Day


Se tu acompanhas o blog assiduamente, deve estar lembrado do álbum Bloodline, dos Tardy Brothers, resenhado aqui há poucos meses atrás. Lembra-te do que eu disse acerca de o álbum ser um aperitivo para o novo do Obituary? Pois é!
Darkest Day vem absolutamente melhor do que o aperitivo! Ao dar o play, não se apavore com os segundos iniciais de "List of Dead". Aparentemente, não passam de uma zoeira, pois a qualidade é horrível, pior do que uma fita cassete. Logo, porém, a sonoridade real vem à tona e a música dotada das já tradicionais características memmoráveis do veterano grupo oriundo da Flórida: Vocal rasgadão e com tonalidade praticamente única de John Tardy, progressões de tempo efetuadas por todos os instrumentistas e, no mínimo, uns 4 solos de guitarra! Infelizmente, as outras músicas não mantêm o mesmo potencial, mas não por isso que sejam desapontadoras. Ao longo das canções, despejam aquele death metal bem variado, ora mais cadenciado ("Your Darkest Day") e ora em tempo médio avançando para rápido ("Blood to Give"). Digamos que o clima é mantido em menor ou em semelhante grau durante o álbum, em decorrência das dezenas de solos (isso realmente foi legal! Não cheguei a contar todos, mas certamente são dezenas de solos virtuosos ou no feeling) e dos elementos tradicionais do Obituary.
Apesar de tudo, não chega a ser um CD excelente. Como diria alguém que conheço, é "mais do mesmo". Um tanto quanto surpreendente é o fato de a obra possuir 52 minutos de duração em 13 faixas! É uma quantia bem alta até, levando em conta o fato de terem lançado o disco anterior, Xecutioner's Return, em 2007.
Nada melhor nem muito inferior aos outros discos lançados recentemente. Obviamente é aquele play que agrada, permanecerá algum tempo no seu rádio - ou playlist -, mas depois será só um álbum. A quem não conhece esses tiozões veteranos do death metal americano, aqui está uma ótima oportunidade. A quem já conhece e aprecia, mais um álbum digno de se ouvir. Download.

quinta-feira, julho 09, 2009

Karl Sanders - Saurian Exorcisms


Demorou, mas a espera compensou! Cinco anos após lançar seu primeiro trabalho a solo, Karl Sanders esteve demasiadamente ocupado com os lançamentos seguintes de sua banda: Annihilation of the Wicked e Ithyphallic. Foram imensas turnês e demais compromissos as causas da demora, mas, novamente, digo que valeu a pena esperar. Sim, pois Karl nunca decepciona! E poderia ser diferente com este registro? Saurian Exorcisms é, sem dúvida, um dos melhores e mais surpreendentes lançamentos do ano.
Se Saurian Meditation fora feito para a meditação, este segundo disco também corresponde ao nome. As composições mantêm o que já havia antes: Batidas tribais, cânticos no dialeto egípcio, instrumentos orientais e, em decorrência de tudo isso, aquela atmosfera única. Pois bem, o diferencial é que poucas das músicas aqui contidas são para relaxamento. Lembra-se da bela "Of The Sleep Of Ishtar"? Aqui há um caso na mesma intensidade, só que deveras demoníaco em vez de tranqüilizante. "A Most Effective Exorcism Against Azagthoth and His Emissaries" é o nome da obra onde conferimos um verdadeiro exorcismo! Uma mulher agoniza, possessa; os rítmos das cordas e das batidas são hipnóticos, os gritos - nos momentos mais críticos - chegam ao ponto de soarem rasgados, maléficos e atormentados; os coros masculinos apavoram, a ponto de erguer os cabelos dos braços do ouvinte. A fusão de tudo soa genuinamente como um tipo de cerimônia. Em comparação a algo daqui, talvez se assemelhe a um terreiro de Umbanda - ou de qualquer religião/culto cujos seguidores entram em transe e incorporam divindades ou espíritos. Realmente é difícil descrever, pois não se assemelha com nada que eu já tenha apreciado. A comparação foi uma tentativa provavelmente mal sucedida. Enfim, de longe é uma das canções mais memoráveis! O registro, porém, é iniciado com "Preliminary Purification Before the Calling of Inanna". Importante deixar claro que os títulos possuem conexões com a musicalidade. Como fica notável aqui, essa faixa seria o prólogo às invocações e ritos que se seguem. Por ser uma purificação, é calma e linda, com direito a uma sublime flauta. "Rapture of the Empty Spaces" dá seguimento ao espetáculo sonoro, apresentando alguns cânticos de exorcismo. O clima oscila entre a beleza serena e uma atmosfera que encaminha-se às trevas. "Contemplate This on the Tree of Woe", em contrapartida do pensamento que vinha crescendo, soa como mais uma purificação. Muito, muito linda! Há ênfase nas cordas, as quais reproduzem solos e escalas harmoniosas. Como já fora dito muito sobre Karl aqui neste blog, acredito que maiores informações acerca de sua vida são desnecessárias, portanto continuamos a analisar a estrutura e o poder das canções. Ritmos compassados, notas memoráveis e repetitivas, sons do interior de um templo e graves vozes masculinas estão contidas em "Slavery Unto Nitokris". Digamos que é uma preparação para a inovação da seguinte: "Shira Gula Pazu". Muita atenção agora! Os vocais urrados e agressivos, presentes em certas faixas do Nile e também no álbum anterior, acompanham os coros, na mais veloz de todas as músicas em matéria de execução. Além disso, há uma progressão assusadora! Isso engloba tudo que o termo possa oferecer: Variações constantes e calculadas de velocidade, enorme variedade de instrumentos, transitando entre a calmaria até a mais mórbida sensação despertada por uma mulher a gritar como se estivesse morrendo, jamais esquecendo os dedilhados e escalas que Karl debulha em, no mínimo, três instrumentos de corda simultaneamente. A esta altura é difícil não constatar e se fascinar pelo fato de todas as faixas possuírem os mesmos tipos de instrumentos e vozes, embora cada uma tenha suas particularidades. "Kali Ma" é guiada por percussões graves, invocações guturais e trombetas agoniantes! Essas últimas são peculiares em algumas obras do Nile. Como vi alguém comentando: "Finalmente! Um álbum cheio de intros do Nile". Faz sentido. "Curse the Sun" retoma os momentos pacíficos. Bases memoráveis envolvem suaves solos, enquanto você pode fechar os olhos e tentar se imaginar no Egito, em algum tempo extremamente remoto. O disco é maestricamente encerrado com "Dying Embers of the Aga Mass Sssratu", faixa com seis minutos de duração, relembrando a flauta da faixa inicial, mas pintando cenas agoniantes ao fundo, através de gritos e suspiros altamente audíveis, intercalando vozes de fêmeas e machos. Grosseiramente resumindo, é a síntese de todos os intrumentos, elementos e climas apresentados no decorrer do álbum. Um final matador, para um álbum com um início e um desenvolvimento igualmente matadores!
Se restava dúvida a alguém - o que é difícil, mas não impossível - quanto a todo o talento de Karl Sanders, seja através de suas músicas brutais com o Nile ou meditativas (agora também exorcistas) com o projeto solo, elas são massacradas por este novo álbum. É mais um alicerce, por assim dizer, para consolidar o nome entre os dos músicos mais criativos, versáteis e surpreendentes de todos os tempos. Download.

terça-feira, julho 07, 2009

Bongzilla - Amerijuanican


Seguidamente, ao escutar ou analisar qualquer gênero musical com guitarras pesadas, lembro-me da banda que me introduziu nestes mundos: Black Sabbath. Depois, relembro a história e, mais uma vez, o embrião veio com eles: Black Sabbath é a raiz de uma árvore repleta de galhos. Hoje, já nem escuto com a mesma freqüência, pois são tantas as bandas e os estilos apreciados que não há como passar o dia do mesmo modo que eu passava quando tinha 12 anos, ou seja, escutando Black Sabbath. Contudo, confesso que é muito lindo e animador botar a tocar este CD do Bongzilla e logo nos primeiros acordes já sentir a influência e - por que não? - o tributo aos mestres! Mais pesado, mais ofensivo, mais chapado, muitos "mais", sem perder a essência. Diversos são os casos similares, tais como o grandioso Soilent Green, mas o Bongzilla chuta demais o balde na hora de relembrar o embrião.
Amerijuanican, lançado em 2005 e também o último material do grupo até o presente momento, como dá para notar pela síntese dos nomes (banda, disco, músicas) e pela capa, fora criado sob a influência da Cannabis e dedicado à mesma. Enquadra-se tanto na classificação de um disco de heavy metal dos primórdios quanto um do não tão velho sludge ou pelo termo mais comum empregado às bandas mais chapadas, ou seja, stoner metal. Suas faixas são recheadas de riffs e linhas de guitarra memoráveis, vocais vomitadões, muito groove e swing, contra-baixo muito perceptível e bateria variadona. Resumidamente falando, é o Sabbath de um Vol. 4 (ou qualquer um dos primeiros discos) muito mais extremo! Ainda há também uma certa dose de experimentalismo na canção "Stonesphere". São 12 minutos de muita tosse, muitos solos de guitarra, barulhos de bong e esqueiro... Enfim, é uma faixa extremamente agradável e no mínimo risível (no melhor sentido) caso você escute na mesma situação em que os músicos da banda se encontram na maior parte do tempo (inclusive quando escreveram e gravaram o disco). Fica difícil também dizer o que é melhor: O começo, meio ou o fim. Pois visto que inicia extremamente marcante com a faixa-título, encerra-se com "Champagne & Reefer" - faixa dotada de todas as características já citadas, mas desta vez acrescentando uma levada de blues bem na manha, extremamente digna de elogios!
Como ocorre com alguns outros álbuns, dependendo da condição melhora mais ainda! Já é muito bom por si só, mas admito que... Então, meu (minha) caro(a) leitor(a), chame os amigos (ou alguém com quem você se sinta bem), roll on a big joint, burn it and be happier! Download.

PS: Reflita acerca da capa. O mundo seria absurdamente melhor se as pessoas parassem de matar umas às outras através de guerras ou qualquer tipo de terrorismo, se ficassem fumando Cannabis. Se a erva fosse legalizada, crianças não precisariam pegar em armas para o tráfico abastecer as cidades. Se qualquer cidadão podesse plantar seu pé (aliás, proibir o cultivo da planta é contra a natureza, visto que maconha não se faz em laboratório como o crack ou o pó da cocaína), dificilmente haveria o tráfico e a grande teia de corrupção e marginalidade que o envolve. Mas, né, as pessoas preferem acreditar que Cannabis destrói e leva à degradação do invíduo, por causa de toda essa falácia dos governos (os mesmos que dão hospitais e escolas podres à população, isso quando dão, e que estupram seus bolsos com impostos ridículos cujas verbas são desviadas sabe-se lá para onde) ou de qualquer outro meio de manipulação das massas (a mesma religião que diz que o todo poderoso Deus criou tudo, mas depois diz que a maconha é criação do demônio, é um bom exemplo). Mas eu ainda tenho esperanças de poder algum dia sentar numa praça pública e queimar um escutando música ou lendo um livro... Não quero dizer, com tudo isso, que todo usuário é um cidadão de bem. Sempre houve e provavelmente sempre haverá algum mal intencionado se aproveitando das propriedades do fumo, mas pense nisto: Michael Phelps (o maior nadador de todos tempos), Giba (um dos melhores ateltas do vôlei mundial), inúmeros escritores, músicos, médicos, psiquiatras e até advogados são usuários. "Ah, mas é na maconha que se inicia o uso de drogas pesadas!" - já advirto ao indíviduo que quer ver dragões ou qualquer anomalia que a maconha não lhe dará isso. Está mais do que óbvio que o problema não está na planta! O problema está na cabeça do indivíduo.

segunda-feira, julho 06, 2009

Job For A Cowboy - Ruination


Um nome estranho e uma abordagem sonora distinta fizeram os americanos do JFAC explodirem em 2005 após o lançamento do EP Doom. Considerado por muitos como mais um material do famigerado "deathcore", a realidade é que o trabalho do grupo já ia bem mais além (de "core" só os breaks monotônicos, pois a estrutura geral era de um death progressivo sem traços genéricos), fator que não foi o suficiente para livrar a banda da perseguição dos tr00 headbangers que, em muitos casos, nem ouviam o material, apenas julgavam a banda pelo visual "franjinha no olho" e pronto. Não obstante a qualidade do EP, os caras decidiram mudar radicalmente: Tornaram-se adeptos de um death metal reto, sem breakdowns, com letras criticando a religião cristã e por aí vai. Genesis, de 2007, foi o álbum que marcou essa mudança. Mas não foi o suficiente, pois a banda estava bem imatura e despreparada para executar tal proposta com firmeza. Agora, finalmente, dá para dizer que alcançaram o tão almejado objetivo: Ruination mantém a mesma idéia de Genesis, todavia aprofunda-se bem mais: Musicalidade mais cativante, interpretações mais maléficas, uma precisão enorme, mais criatividade, temas mais macabros e uma produção 'classe A' fazem dele o disco que a banda, ou melhor, que Jonny Davy e Brent Riggs - os únicos membros originais - quiseram fazer antes e não conseguiram.
O álbum abre com uma das melhores faixas: "Unfurling a Darkened Gospel". Vorazmente veloz, (re)apresentando a síntese dos vocais rasgados e guturais, ainda com direito a solo de guitarra em dupla no seu clímax, a música é um excelente prólogo à porradaria desenfreada que se segue. "Summon the Hounds" vem na seqüência e não dá folga ao ouvinte! Sua "invocação" é realmente malevolente e faz-nos dar aquele sorriso à primeira audição, visto que é um belo modo de representar o título. "Regurgitated Desinformation" traz uma rifferama muito técnica, veloz e empolgante, sendo também um dos grandes destaques, ao lado de "Constitutional Masturbation" e sua memorável linha geral dos instrumentos (cativante e de fácil absorção). Se você acompanhou o MySpace da banda antes do lançamento, deve estar notando que eles lançaram primeiramente só as melhores, para depois despejar o álbum na íntegra. No mais, escute o avassalador e apocalíptico solo de "March To Global Enslavement" e preste atenção no final trabalhado e épico dado pela faixa-título - depois disso não haverá dúvida do quanto os moleques progrediram e caminham em direção a algo muito maior!
Se manterem a intensidade deste melhoramento, o próximo álbum será um marco. Ruination é bom, inquiestionavelmente melhor que seu antecessor, embora não seja excelente. Apesar da melhora, os rapazes precisam ter umas aulinhas de Suffocation, Deicide e Nile para soarem totalmente "do mal", como pretendem. Download.

Converge - No Heroes


O Converge teve um bela introdução em nosso blog com seu elogiadíssimo disco Jane Doe, considerado uma obra prima da música extrema e pesada, com méritos de sobra, esta é a vez de conferirmos No Heroes, sexto álbum do quarteto de Masschusetts, lançado em 2006 pela Epitaph (?) e é o último trabalho do grupo até o momento.
Desde 2001, quando lançaram Jane Doe, os rapazes do Converge chegaram a um patamár que poucas bandas conseguem; só fizeram discos acima da média. Em 2004 foi o You Fail Me, o primeiro disco do grupo que conseguiu um certo êxito comercial, tendo em vista que a banda é independente e também pelo estilo musical (Hardcore-Punk / Matcore) manteve o trabalho do disco anterior, porém com uma repercurssão ainda maior.
No Heroes, de 2006, consolidou de vez o Converge dentro do cenário da música extrema. Eu arrisco a dizer que o Converge é, ao lado do Botch, ícone e referência quando o assunto é o tal "Mathcore". A carreira do grupo chegou a um ponto em que fazer uma resenha é totalmente em vão, pois o som do grupo é bem "único", então em todos seus trabalhos, eles não desapontam nenhum fã que espera grandes doses de metal e hardcore.
O disco pode ser dividido em 3 partes, a inicial, que vai da faixa 1, "Heartache", até a faixa 6, que leva o nome do disco, isso em torno de 10 minutos. Aí vem a divisão do disco, "Plagues", que acalma os ânimos com sua guitarra lenta e pesada ao cubo, introduzindo à progressiva "Grim Heart / Black Rose", música de estrutura complexa, longa duração e que chama atenção pela mudança de voz de Jacob Bannon, do gritado saturado para uma emulação de vocalista genérico de Hardcore.
É dessa parte em diante que começa ficar mais interessante ainda, eles resolvem misturar com mais intensidade a agressão inicial com a complexidade de ritmos, "Lonewolves" é cheio de escalas guitarrísticas e junto com o vocal chega a lembrar o falecido Fugazi em certos momentos. "Versus" é um grande exemplo de como se espancar uma bateria, e se até aqui tu não tiver com a cara cheia de ematomas, as últimas duas músicas farão o serviço sujo.
Pelos momentos mais experimentais do disco, houveram algumas críticas a isso, também algumas sugerindo que em certos momentos do disco, faltava um pouco de inspiração. Dizem que o trabalho do crítico é exatamente esse, mas não se engane, No Heroes é um disco de pura raiva, revolta, paixão e potência, que vai nos preparando para seu novo lançamento, que irá provar se eles são realmente intocáveis. Download.

quarta-feira, julho 01, 2009

Sunn O))) - Monoliths & Dimensions


Não sou o maior fã de Sunn O))) e talvez nem seria a pessoa mais indicada aqui a fazer esse serviço sujo de descrever o novo trabalho do duo drone doom americano, porém fiquei extremamente impressionado com a qualidade do trampo e mais ainda, como uma banda tão anticomercial conseguiu - e consegue - um êxito tão grande com a mídia e crítica e ainda mais com os diversos ouvintes.
O grupo já não é mais novidade pra ninguém que está atualmente ligado ao mundo da música hoje e pelo peso de seu som, e toda essa estética dark envolvida em seus discos e shows, o primeiro rótulo a vir a cabeça é o famigerado "metal", mas acabei me enganando um pouco.
Tá certo que o rótulo mais correto para se designar o Sunn seria o Doom, ou seu subgênero, Drone Doom, mas o "real" som do grupo origina-se do cultuado e revolucionário Earth, uma banda que estava ligado diretamente ao rock alternativo. Acho que essa é a única razão que eu encontro para explicar porque eu encontro mais resenhas e menções desse discos em sites de rock alternativo e indie do que em sites e blogs mais "do mal" e é por isso que eu acho o Sunn O))) um dos grupos mais interessantes de nossa época.
Monoliths & Dimensions já é o sexto disco de estúdio do duo que consiste em Stephen O'Malley (que participa também do Khanate e Burning Witch) e Greg Anderson (do Goatsnake) lançado este ano pela Southern Lord, um selo referencial no estilo. O álbum conseguiu um destaque ainda maior que seu antecessor, Black One, e levou em torno de 2 anos até estar completo. Várias participações especiais, como da lenda Dylan Carlson do Earth, o compositor Eyvind Kang, que já trabalhou com John Zorn, Mike Patton, Beck e Secret Chiefs 3, o húngaro Attila Csihar, vocalista do Mayhem, entre outros músicos, de arpa e flauta, piano, contrabaixo, cordas e vozes femininas pra lá de macabras.
Mais que notável, o grande destaque do disco ficou por conta da inovação do grupo e a quebra de barreiras, por misturarem o seu som monolítico e denso com a música clássica, resultando em quatro sons realmente apocalípticos. E dentro as quatro músicas, é a faixa número dois que carrega todo esse frisson, "Big Church" é uma das músicas mais geniais dentro do repertório do grupo e dentro do estilo. Aliando o peso e andamento tradicional com guitarras levemente dedilhadas, vocais femininos horripilantes, uma narração rouca e monstruosa, criam a sensação do ouvinte estar preso em alguma catedral realmente assustadora, cercado de fantasmas e espíritos, te levando ao desespero ao longo de seus quase 10 minutos.
Mas eu também destaco a faixa número um, batizada de "Aghartha". Ponto forte na construção desse disco foi o grupo ter deixado a parte conceitual nas mãos de Attila, que fez um trabalho fantástico (quem quiser mais detalhes, aqui vai uma entrevista longa e detalhada sobre todo o trabalho do cara e sobre cada canção - em inglês). Esta primeira faixa fala sobre a lenda de um continente chamado de Agharta, que estaria situado entre o núcleo do terra e nossa superfície, e o único meio de se chegar até lá, seria através dos pólos. Nesta entrevista ele explica que ninguém nunca conseguiu chegar perto, e quem foi, nunca mais voltou. Devido ao magnetismo presente nestas áreas, marinha e aeronáutico proibem qualquer tipo de tentativa de visita a estes pontos, fazendo que cresce ainda mais a dúvida e a curiosidade.
Na canção, essa idéia é trabalhada severamente mais forte do que neste texto, logicamente. Além do lirismo, a interpretação vocálica assustadora, aliados aos efeitos de som, como água e barulho de cordas, criam um clima de viagem em um barco fantasma em direção ao fim do mundo. Difícil de se escrever é dificilmente igual criar alguma conclusão para fechar este texto, mas independente de tudo que se diz a respeito do grupo, das diversas críticas aos elogios, fizeram algo mais acessível, em comparação a trabalhos anteriores, e ao mesmo tempo criaram um disco ímpar, abrindo um novo horizonte pro grupo. Ouça em alto e bom som. Download.