terça-feira, abril 13, 2010

Bonnie 'Prince' Billy - I See A Darkness


Basicamente, a música deveria ser feita para causar emoções no seu ouvinte, as mais diversas possíveis. Muitas vezes ela acaba passando longe daquela que o próprio autor tinha intenção, algo como ficar super feliz ouvindo uma música lenta que algum cantor tenha escrita quando se lembrava da morte de sua família em um campo de concentração. A música de Bonnie 'Prince' Billy é simples: música triste que te deixa triste, mais ou menos como enfiar o dedo mais fundo na ferida.
Seu nome real é Will Oldham e I See a Darkness é seu primeiro disco com o artístico de Bonnie. Já adianto de imediato que este é também seu grande disco e te poupo o trabalho de ler o resto. Artista daqueles que já se aventurou de diversas maneiras, começou a carreira com diversos nomes variando de Palace: Palace Brothers, Palace Songs, Palace Music ou apenas Palace. Trabalha também em filmes, fazendo "bico" de ator e acaba envolvendo-se em diversos projetos musicais e participações especiais. Foi nessa última que conheci o rapaz, a foto da capa do clássico Spiderland do Slint foi tirada por ele mesmo, Will Oldham.
Seu som pode ser caracterizado genericamente por folk, mas vai além disso em certas vezes. Canções melancólicas acompanhadas por um violão, flerte com o country (alt-country) e arranjos mínimos que dão um toque tristonho. De tristonho passa a desesperador quando prestamos atenção em suas letras que pecam em esperança e sobram em dor. Incrivelmente essa mistura acaba resultando em um dos mais belos discos que eu já ouvi. Ok, eu não sou um grande ouvinte do estilo, mas esta constatação é mais que evidente.
A primeira canção, "A Minor Place", é talvez a música mais "charmosa" do disco, ou então "bonitinha", é capaz de fugir até um sorriso entre seu piano e melodia tranquila, mas não vai muito longe. "Nomadic Revery (All Around)" é a segunda canção e também um dos destaques, classificada como Appalachian, adjetivo em inglês de uma música tipicamente regional, das mais profundas raízes da música americana, impossível ficar indiferente ouvindo-a. Ainda temos a música que leva o nome do disco que acabou ficando famosa quando o mestre Johnny Cash regravou em seus últimos discos (e que teve participação de Oldham), só isso já bastaria pra tu ouvir esse disco.
Mais algumas belas músicas como "Death To Everyone", poesia amarga e sombria e "Madeleine-Mary" que chamam a atenção pela sua produção, esta última principalmente, uma música folk tipicamente Celta com guitarras com ecos de Dub. Para fechar o disco, "Raining In Darling" é a única música que podemos considerar "de amor", mas bem, ela é a menor música de todo o disco. Download.

segunda-feira, abril 05, 2010

Teenage Fanclub - Grand Prix


Sempre que pensamos em rock no ano de 1991, facilmente lembramos daquele disquinho com um guri pelado na piscina, e isso pode acontecer quando estendemos a data pro resto da década. Porém no final do ano de 1991, nas clássicas (justas e super parciais) listas de melhores álbuns do ano, a revista Spin resolveu escolher um disco que fizesse com que Nevermind fosse segundo colocado, e quem foi o culpado?
Pois se naquele ano o Nirvana lançava o seu grande clássico, o Teenage Fanclub estava fazendo o mesmo: Bandwasgonesque é considerado o grande trabalho do grupo escocês e ainda é lembrado por muitos apenas por este fato, realmente achando que não merecessem tanto. Não vamos entrar no mérito de "quem é melhor", pois se listas já não podem ser levadas tão a sério, quem dirá discuti-las. Devemos lembrar que foi neste ano que o My Bloody Valentine lançou seu Loveless, o Slint o seu Spiderland, o Primal Scream o seu Screamadelica, entre outros U2s e Metallicas.
Foi durante os anos 90 que tivemos os grandes discos de rock alternativo e muita coisa ainda é descoberta até hoje, mas engana-se quem não conhece o Teenage e acredita que eles sejam algo relacionado ao Grunge. Bem, quando disse que são escoceses, isso já deve ter ficado claro. Categorizados como Power Pop e Indie Rock, é impossível falar do Teenage Fanclub sem ser clichê, pois sempre que a banda é apresentada, suas influências são postas a mesa: Big Star, Byrds e Beach Boys, nada que não ficaria totalmente evidente nas primeiras audições.
Grand Prix foi o quinto disco do grupo a ser lançado, isso lá no ano de 1995 e que no geral não traz muitas mudanças no som da banda. Após o sucesso de Bandwasgonesque, o grupo lançou o nem tão aclamado Thirteen, um verdadeiro fracasso comercial, ainda mais em terreno americano, o que deve ficar bem claro que não tem nada a ver com a qualidade do disco. Eis que Grand Prix é lançado para tentar recuperar o espaço perdido pelo seu disco anterior nos EUA, pelo menos essa era a idéia da gravadora, a britânica e emblemática Creation.
Lançado no auge do Britpop de Oasis e Blur (e tantos outros) e enquanto o Grunge dava seus últimos suspiros, este baita disco passa quase despercebido pelo público geral. Muitos dizem que caso Grand Prix fosse lançado em 1965, 1975 ou 2005, estaria certamente entre os 10 das listas de top 50. Um grande disco Pop de rock puro e sem muitas frescuras, um disco orgânico e que encaixa exatamente nos ouvidos daqueles que procuram música boa, música honesta, desde os primeiros acordes de "About You" com seu climão sessentista com produção "moderna", passando pela ótima "Sparkly's Dream", e chegando a pontos altos de "Neil Jung" até seu fechamento inusitado de "Hardcore Ballad".
Como não poderia ser diferente, letras simples sobre decepções amorosas e épocas amorosas, acontecimentos do dia a dia e da vida em geral, Grand Prix, que leva o carro da extinta equipe de F1 Simtek em sua capa, pode ser classificado simplesmente como: Baita disco. Download.