segunda-feira, maio 25, 2009

Zombi - Spirit Animal


Poucas são as informações que encontramos a respeito deste duo americano de música progressiva e instrumental, mas, em contrapartida, cheia de detalhes e de riqueza é a música deles.
Ambos os músicos tocam sintetizadores (vários modelos, mas todos são 'arquétipos', ou seja, dos primeiros modelos, aqueles que soam "levinhos" se comparados aos de hoje). Depois, um foca no baixo (Steve Moore, o qual inclusive tem ainda uma carreira solo) e o outro (A.E. Paterra) na bateria.
Por mais que a descrição dê uma ideia de limitação, a realidade ao reproduzir as músicas é bem ao contrário. Com faixas que vão de 6 a 17 minutos, conferimos muita variação de clima, progressão, criatividade e emoção. Exatamente isso: Emoção. Há uma questão mais forte envolvendo a musicalidade deles, e isso é até um tanto quanto difícil de descrever, entretanto leia títulos como "Cosmic Powers" e "Spirit Warrior" para ter uma ideia do que os inspira a compor. Algumas passagens melódicas, recehadas de atmosfera dos synths, acompanhadas da leve bateria e das boas levadas do baixo passam uma sensação tranquila e gostosa, tornando Spirit Animal um bom álbum para aqueles momentos em que queremos escutar apenas som instrumental! A priori, um lançamento muito interessante para quem aprecia bandas de rock progressivo e instrumental, bem como aquele clima de Pink Floyd, Yes, Rush...
A sensação final absorvida através da audição do álbum deve ser similar a de entrar num "buraco de minhoca" e cair no finalzinho dos anos 70, na era pré-digital, e se deliciar com as maravilhas "modernas". Download.

domingo, maio 17, 2009

Q And Not U - No Kill No Beep Beep


Preconceito com nomes de bandas foi sempre algo que me acompanhou vida a fora, mas é algo engraçado. Toda vez que eu ouço algo que eu achava com nome babaca, acabo achando algo interessante, e talvez esse seja um dos maiores exemplos: Q And Not U.
Nascidos em um dos melhores seleiros de bandas da américa, Washington DC, eles também fizeram parte do cast de uma das melhroes gravadoras independentes de lá, a Dischord, que moral hein? E como não podia ser diferente, são grandes seguidores do Fugazi.
Seguidores mas não copiões. Esse quarteto pega toda a energia do Fugazi e combina com várias dinâmicas ritmicas, dançantes, melodicas, guitarristicamente complicadas que resultam em quase um Math Rock. Realmente, é difícil de classificar o som do Q And Not U, mas até o rótulo Dance-Punk já foi usado, e apesar de soar besta, chega a fazer sentido: Uma banda de atitude punk, com uma puta energia, fazem um indie pop agressivo com batidas quebradas e dançantes, sem o uso de teclados e eletronicidades.
No Kill No Beep Beep tem um nome pior ainda que o da banda, mas foi o disco que me fez abrir os olhos para eles, pela honestidade e qualidade do trabalho; um amontoado de clichés que faz parecer com algo totalmente novo, uma sonoridade que gruda logo de cara e algo que tu vai adorar ou odiar, de fato.
Da curta carreira, de 98 a 2005, esse foi o primeiro de 3 discos e talvez seja o melhor deles, mesmo assim não é nenhum clássico. Apesar de ter várias músicas afudê, como a primeira e frenética "Line In The Sand", que por fim descamba pra um funk cheio de distorção ou então "Hooray For Humans", pós punk enérgico lotado de riffs complicadinhos e quebras de ritmo, tem a má companhia de outras nem tão legais quanto, como a número 5, "Kiss Distinctly American", uma calmaria que não só deixa a peteca cair, como ainda chuta ela longe. Mas por fim, acredito que as músicas boas ainda acabam por salvar o disco, e bem. Que me diz? Download.

quinta-feira, maio 14, 2009

Isis - Wavering Radiant


Eis aqui um exemplo de banda que prefere investir novamente em algo diferente a se repetir!
Ao contrário do que a maioria esperava, o Isis não fez mais um In The Absence of Truth. Calma! Isso não quer dizer que voltaram a fazer som completamente sujão na linha do The Red Sea, mas há algo que será dito logo de cara, mais a frente, e que possui semelhança, de certo modo, com essa época. Ainda a respeito deste "diferente", não é nada mais que um aprofundamento de determinados traços e a volta a outros, mais precisamente estou me referindo à grande exploração do lado harmonioso e a reutilização de muitos vocais agressivos, bem como certas passagens bem agressivas do instrumental e mais experimentalismo de estúdio que em qualquer outro disco deles.
O álbum abre com "Hall of the Dead", música dotada de várias passagens de teclado e com uma pincelada do que será apresentado bem mais a fundo pela frente - harmonia e agressividade numa fusão extrema. É estranho que ela soe "morna", não pendendo para nenhum dos lados, mas a idéia torna-se compreensível na faixa seguinte, "Ghost Key". A obra começa com suaves guitarras, muito agradáveis e memoráveis, explorando por muito tempo só as lindas melodias. Em seu decorrer, apresenta versos recheados do vocal grave de Aaron Turner, sendo que determinada parte possui muitos efeitos de estúdio, deixando principalmente o reverb no talo, efetuando, assim, um experimento que soa como "alguém a gritar numa caverna"! É mais um momento muito marcante da música, só não sendo mais que a já citada introdução. No decorrer do álbum a fórmula vai sendo repetida - bem repetida - o que causa certa estranheza, já que eles costumavam variar mais as músicas. Ainda temos, como nos álbuns anteriores, uma faixa puramente ambient. Ela é a faixa-título, emendada com a anterior e com a seguinte. Definitivamente não é a melhor deles, visto que é um tanto quanto monótona - as dos outros álbuns tinham vários elementos -, mas é bem relax e agradável, como dá para supor. "Threshold of Transoformation" encerra o álbum com maestria, envolvida com bastante peso na primeira parte (tem quase 10 minutos de duração), de uma maneira como não se ouvia desde Oceanic (lançado em 2002)! Além disso, enquanto o instrumental se aventura em diversas melodias nas guitarras e escalas ousadas no baixo, existem diversos vocais podrões - beirando o black metal - "ocultos" por filtros da produção, numa demonstração muito bem-sucedida de experimentalismo. Seu final apresenta um "estéreo" das guitarras competindo pela nota mais bonita.
Pois bem, apesar de se atreverem a irem bem afundo em misturar as melodias com mais agressividade, Wavering Radiant não tem o mesmo feeling dos outros álbuns, fato que nos impede daquele "apego" como há para com os outros. Refiro-me àquele "quê" épico e um tanto quanto inexplicável contido nos registros anteriores, os quais davam gosto de apreciar, sendo perceptíveis logo na primeira escutada.
Em contra-partida, Jeff Caxide é responsável por manter uma bela característica do Isis: Aquele contra-baixo destacado! Quem conhece sabe muito bem do que estou falando. Quem não conhece, deve, portanto, escutar o álbum ou tentar imaginar dois contra-baixos gravados: Um normal e outro mais "acústico", flutuante, com um som agudo e grave ao mesmo tempo, sempre tocando somente em passagens memoráveis! Mesmo tocando também no Red Sparowes e no Spylacopa, fica extremamente evidente que é no Isis onde ele despeja seu verdadeiro talento.
Percebe-se que temos em mão mais um CD excepcional! Possui mais prós do que contras, por assim dizer. Conforme fora bem expresso, não é aquele que agradará logo de cara, muito menos o melhor deles, todavia que tem seu enorme valor, revelando a cada audição vários detalhes novos e, com tempo, sendo absorvido com mais facilidade. Em decorrência disso, vai ficando mais agradável e atraente. Lembre-se: Para tanto são necessárias várias audições minuciosas. Dwnld.

quarta-feira, maio 13, 2009

Kylesa - Static Tensions


O que esperar de uma banda com dois bateristas? Aliás, além disso também há três vozes, duas masculinas e uma feminina. Mais ainda: O que será que uma banda desse porte faz em seu quarto CD? Pois saiba que somente escutando Static Tensions você compreenderá!
Notórios por essas características e também pela complexidade de suas criações, Kylesa surgiu em 2001, na cidade de Savannah, Georgia, EUA. Contando com membros já experientes da cena local nos anos 90 e tirando o nome de um ensinamento budista (kilesa mara), a banda sabe - e muito bem - o que faz!
Temos elementos de hardcore old-school, peso tradicional de sludge, vocais passando desde os agudos desesperados, furiosos graves e também os belos e suaves da guitarrista Laura, bem como muitos efeitos de rock psicodélico dos primórdios e stoner metal dos tempos modernos. Não obstante, o método de gravação das baterias é muito notável, pois cada uma toca em um lado - com fones de ouvido dá para perceber cada detalhe diferente, seja uma virada ou um kick a mais. A constante mudança de ritmos na bateria impõe um clima brusco, pois da pancadaria tudo pode tranquilamente mudar para batidas rítmicas e tribais! Em decorrência de tudo isso, podemos encaixar a banda no ramo do metal avant-garde, sem dúvida alguma. Todas as faixas são bem distintas umas das outras, o que vai prendendo à audição, pois jamais cai na mesmice. Como destaques, é justo mencionar a pegada faixa de abertura, "Scapegoat", devido à empolgação que passa com seu memorável verso de guitarra e pelo "duelo" dos bateristas na intro, sem esquecer o momento de experimentalismo psicodélico ocasionado por diversos efeitos de produção numa guitarra que se transforma em vento, voltando a ser guitarra, voltando a ser vento... "To Walk Alone" encerra o álbum em grande estilo! As baterias rítmicas e tribais servem como uma base para as guitarras limpas, na primeira parte da música, as quais deixam pairando um clima de música oriental. Em seguida, entra a distorção, mas não saem as batidas tribais, para o vocal chegar saturado de efeito e com uma guitarra flutuante sobre ele! Sempre é difícil descrever esses elementos de psicodelia, por isso nada como ouvi-los e experimentar das mais diversas sensações. Isso é só para você ter uma noção, pois todas as faixas apresentam algo interessante, em maior ou menor escala.
Dois bateristas, três vocalistas, diversos estilos musicais em síntese e... Ah! Já está mais que explícito o quanto essa banda merece ser conferida! Não perca tempo e vá atrás, pois vale a pena. Download.

terça-feira, maio 12, 2009

Callisto - True Nature Unfolds


Poucas são as bandas que tem o dom de agradar em cheio logo numa primeira audição. Callisto é uma das que conseguem efetuar tal proeza - e olha que não digo isso isoladamente, visto que conheço mais pessoas cuja experiência foi idêntica a minha.
Pois bem, ela ocorreu com o álbum Noir. Nele, além de tocarem aquele sludge/doom saturadão com melodias atmosféricas - também feito com maestria por nomes como Rosetta e Intronaut -, incrementam diversos outros instrumentos, os quais ocasionam em um flerte com determinados estilos. O sax, por exemplo, deixa um clima de jazz pairando. A flauta, em contrapartida, recorda estilos musicais dos primórdios da humanidade. Ainda poderia citar minuciosamente vários outros fatores que os tornam uma excelente banda a se conhecer e explorar, porém vou diretamente a este álbum em questão.
True Nature Unfolds foi o primeiro full-lenght, lançado em 2004. Apresenta-nos uma parede sonora composta de uma euforia sentimental! Nas melodias melancólicas das guitarras, no desespero do vocal, através das pontes do teclado e dos maravilhosos solos de sax podemos sentir uma mistura de tristeza, romantismo, agonia, frustrações, amor e raiva! Após a intro, cujos samples lembram muito os projetos de música ambient de todo o mundo, temos "Blackhole", uma música bem pesada, na veia dos primeiros trabalhos deles (os quais eram mais hardcore e menos atmosféricos). Não tarda e "Limb Diasporas" já vem com uma introdução limpa, baseada em guitarras memoráveis, inegavelmente marcantes devido à facilidade com que penetram em nossas mentes! Essas simples palavras poderiam resumir, em suma, o que é a obra como um todo, todavia deve ser dito mais: "Storm" é um pedaço de arte! São 9 minutos muito viajantes, indo das mais arrastadas e melancólias melodias ao peso bruto do doom, com maravilhosos vocais femininos, depois substituídos por guturais completamente urrados e rasgados de doer a garganta! Como outro destaque, cito a intro de "Caverns of Kafka", bem como seu riff e a fascinante linha geral do teclado (linda em demasia). Ok, a música por completo é ótima.
Recentemente, após mudanças de membros, lançaram o álbum Providence. Notório por soar diferente do seu antecessor, mais ainda desse aqui em questão, é um álbum na "lista de espera" para ser postado.
No momento, contudo, True Nature Unfolds e Noir são ótimos discos para explorar! Não só por serem muito bons, mas porque ficam melhores conforme você vai se acostumando com as músicas, já que elas são longas e trabalhadas, a ponto de quando você "decorar" a linha de um instrumento, poder perceber alguma novidade vinda de outro. A quem preza por detalhes, mas não exatamente por música completamente detalhista, eis aqui um som de primeira qualidade. Quem procura por um som reflexivo, emocionante e capaz de realizar a catarse, deve mergulhar de cabeça! Download.