quarta-feira, julho 01, 2009

Sunn O))) - Monoliths & Dimensions


Não sou o maior fã de Sunn O))) e talvez nem seria a pessoa mais indicada aqui a fazer esse serviço sujo de descrever o novo trabalho do duo drone doom americano, porém fiquei extremamente impressionado com a qualidade do trampo e mais ainda, como uma banda tão anticomercial conseguiu - e consegue - um êxito tão grande com a mídia e crítica e ainda mais com os diversos ouvintes.
O grupo já não é mais novidade pra ninguém que está atualmente ligado ao mundo da música hoje e pelo peso de seu som, e toda essa estética dark envolvida em seus discos e shows, o primeiro rótulo a vir a cabeça é o famigerado "metal", mas acabei me enganando um pouco.
Tá certo que o rótulo mais correto para se designar o Sunn seria o Doom, ou seu subgênero, Drone Doom, mas o "real" som do grupo origina-se do cultuado e revolucionário Earth, uma banda que estava ligado diretamente ao rock alternativo. Acho que essa é a única razão que eu encontro para explicar porque eu encontro mais resenhas e menções desse discos em sites de rock alternativo e indie do que em sites e blogs mais "do mal" e é por isso que eu acho o Sunn O))) um dos grupos mais interessantes de nossa época.
Monoliths & Dimensions já é o sexto disco de estúdio do duo que consiste em Stephen O'Malley (que participa também do Khanate e Burning Witch) e Greg Anderson (do Goatsnake) lançado este ano pela Southern Lord, um selo referencial no estilo. O álbum conseguiu um destaque ainda maior que seu antecessor, Black One, e levou em torno de 2 anos até estar completo. Várias participações especiais, como da lenda Dylan Carlson do Earth, o compositor Eyvind Kang, que já trabalhou com John Zorn, Mike Patton, Beck e Secret Chiefs 3, o húngaro Attila Csihar, vocalista do Mayhem, entre outros músicos, de arpa e flauta, piano, contrabaixo, cordas e vozes femininas pra lá de macabras.
Mais que notável, o grande destaque do disco ficou por conta da inovação do grupo e a quebra de barreiras, por misturarem o seu som monolítico e denso com a música clássica, resultando em quatro sons realmente apocalípticos. E dentro as quatro músicas, é a faixa número dois que carrega todo esse frisson, "Big Church" é uma das músicas mais geniais dentro do repertório do grupo e dentro do estilo. Aliando o peso e andamento tradicional com guitarras levemente dedilhadas, vocais femininos horripilantes, uma narração rouca e monstruosa, criam a sensação do ouvinte estar preso em alguma catedral realmente assustadora, cercado de fantasmas e espíritos, te levando ao desespero ao longo de seus quase 10 minutos.
Mas eu também destaco a faixa número um, batizada de "Aghartha". Ponto forte na construção desse disco foi o grupo ter deixado a parte conceitual nas mãos de Attila, que fez um trabalho fantástico (quem quiser mais detalhes, aqui vai uma entrevista longa e detalhada sobre todo o trabalho do cara e sobre cada canção - em inglês). Esta primeira faixa fala sobre a lenda de um continente chamado de Agharta, que estaria situado entre o núcleo do terra e nossa superfície, e o único meio de se chegar até lá, seria através dos pólos. Nesta entrevista ele explica que ninguém nunca conseguiu chegar perto, e quem foi, nunca mais voltou. Devido ao magnetismo presente nestas áreas, marinha e aeronáutico proibem qualquer tipo de tentativa de visita a estes pontos, fazendo que cresce ainda mais a dúvida e a curiosidade.
Na canção, essa idéia é trabalhada severamente mais forte do que neste texto, logicamente. Além do lirismo, a interpretação vocálica assustadora, aliados aos efeitos de som, como água e barulho de cordas, criam um clima de viagem em um barco fantasma em direção ao fim do mundo. Difícil de se escrever é dificilmente igual criar alguma conclusão para fechar este texto, mas independente de tudo que se diz a respeito do grupo, das diversas críticas aos elogios, fizeram algo mais acessível, em comparação a trabalhos anteriores, e ao mesmo tempo criaram um disco ímpar, abrindo um novo horizonte pro grupo. Ouça em alto e bom som. Download.

2 comentários:

NIC FIT disse...

um dos melhores discos do ano

Anônimo disse...

sua resenha ficou melhor que a minha, uhauhauhauhau! um puta discão, mesmo!