terça-feira, abril 13, 2010

Bonnie 'Prince' Billy - I See A Darkness


Basicamente, a música deveria ser feita para causar emoções no seu ouvinte, as mais diversas possíveis. Muitas vezes ela acaba passando longe daquela que o próprio autor tinha intenção, algo como ficar super feliz ouvindo uma música lenta que algum cantor tenha escrita quando se lembrava da morte de sua família em um campo de concentração. A música de Bonnie 'Prince' Billy é simples: música triste que te deixa triste, mais ou menos como enfiar o dedo mais fundo na ferida.
Seu nome real é Will Oldham e I See a Darkness é seu primeiro disco com o artístico de Bonnie. Já adianto de imediato que este é também seu grande disco e te poupo o trabalho de ler o resto. Artista daqueles que já se aventurou de diversas maneiras, começou a carreira com diversos nomes variando de Palace: Palace Brothers, Palace Songs, Palace Music ou apenas Palace. Trabalha também em filmes, fazendo "bico" de ator e acaba envolvendo-se em diversos projetos musicais e participações especiais. Foi nessa última que conheci o rapaz, a foto da capa do clássico Spiderland do Slint foi tirada por ele mesmo, Will Oldham.
Seu som pode ser caracterizado genericamente por folk, mas vai além disso em certas vezes. Canções melancólicas acompanhadas por um violão, flerte com o country (alt-country) e arranjos mínimos que dão um toque tristonho. De tristonho passa a desesperador quando prestamos atenção em suas letras que pecam em esperança e sobram em dor. Incrivelmente essa mistura acaba resultando em um dos mais belos discos que eu já ouvi. Ok, eu não sou um grande ouvinte do estilo, mas esta constatação é mais que evidente.
A primeira canção, "A Minor Place", é talvez a música mais "charmosa" do disco, ou então "bonitinha", é capaz de fugir até um sorriso entre seu piano e melodia tranquila, mas não vai muito longe. "Nomadic Revery (All Around)" é a segunda canção e também um dos destaques, classificada como Appalachian, adjetivo em inglês de uma música tipicamente regional, das mais profundas raízes da música americana, impossível ficar indiferente ouvindo-a. Ainda temos a música que leva o nome do disco que acabou ficando famosa quando o mestre Johnny Cash regravou em seus últimos discos (e que teve participação de Oldham), só isso já bastaria pra tu ouvir esse disco.
Mais algumas belas músicas como "Death To Everyone", poesia amarga e sombria e "Madeleine-Mary" que chamam a atenção pela sua produção, esta última principalmente, uma música folk tipicamente Celta com guitarras com ecos de Dub. Para fechar o disco, "Raining In Darling" é a única música que podemos considerar "de amor", mas bem, ela é a menor música de todo o disco. Download.

segunda-feira, abril 05, 2010

Teenage Fanclub - Grand Prix


Sempre que pensamos em rock no ano de 1991, facilmente lembramos daquele disquinho com um guri pelado na piscina, e isso pode acontecer quando estendemos a data pro resto da década. Porém no final do ano de 1991, nas clássicas (justas e super parciais) listas de melhores álbuns do ano, a revista Spin resolveu escolher um disco que fizesse com que Nevermind fosse segundo colocado, e quem foi o culpado?
Pois se naquele ano o Nirvana lançava o seu grande clássico, o Teenage Fanclub estava fazendo o mesmo: Bandwasgonesque é considerado o grande trabalho do grupo escocês e ainda é lembrado por muitos apenas por este fato, realmente achando que não merecessem tanto. Não vamos entrar no mérito de "quem é melhor", pois se listas já não podem ser levadas tão a sério, quem dirá discuti-las. Devemos lembrar que foi neste ano que o My Bloody Valentine lançou seu Loveless, o Slint o seu Spiderland, o Primal Scream o seu Screamadelica, entre outros U2s e Metallicas.
Foi durante os anos 90 que tivemos os grandes discos de rock alternativo e muita coisa ainda é descoberta até hoje, mas engana-se quem não conhece o Teenage e acredita que eles sejam algo relacionado ao Grunge. Bem, quando disse que são escoceses, isso já deve ter ficado claro. Categorizados como Power Pop e Indie Rock, é impossível falar do Teenage Fanclub sem ser clichê, pois sempre que a banda é apresentada, suas influências são postas a mesa: Big Star, Byrds e Beach Boys, nada que não ficaria totalmente evidente nas primeiras audições.
Grand Prix foi o quinto disco do grupo a ser lançado, isso lá no ano de 1995 e que no geral não traz muitas mudanças no som da banda. Após o sucesso de Bandwasgonesque, o grupo lançou o nem tão aclamado Thirteen, um verdadeiro fracasso comercial, ainda mais em terreno americano, o que deve ficar bem claro que não tem nada a ver com a qualidade do disco. Eis que Grand Prix é lançado para tentar recuperar o espaço perdido pelo seu disco anterior nos EUA, pelo menos essa era a idéia da gravadora, a britânica e emblemática Creation.
Lançado no auge do Britpop de Oasis e Blur (e tantos outros) e enquanto o Grunge dava seus últimos suspiros, este baita disco passa quase despercebido pelo público geral. Muitos dizem que caso Grand Prix fosse lançado em 1965, 1975 ou 2005, estaria certamente entre os 10 das listas de top 50. Um grande disco Pop de rock puro e sem muitas frescuras, um disco orgânico e que encaixa exatamente nos ouvidos daqueles que procuram música boa, música honesta, desde os primeiros acordes de "About You" com seu climão sessentista com produção "moderna", passando pela ótima "Sparkly's Dream", e chegando a pontos altos de "Neil Jung" até seu fechamento inusitado de "Hardcore Ballad".
Como não poderia ser diferente, letras simples sobre decepções amorosas e épocas amorosas, acontecimentos do dia a dia e da vida em geral, Grand Prix, que leva o carro da extinta equipe de F1 Simtek em sua capa, pode ser classificado simplesmente como: Baita disco. Download.

domingo, dezembro 27, 2009

Ride - Nowhere


Se há um rótulo que o pessoal deste blog acha muito "maneiro" este rótulo é o Shoegaze. Um nome que a princípio não diz nada, longe de ser algo como space rock ou heavy metal, quais tens suas explicações explícitas em seus nomes, o shoegaze faz tu imaginar qualquer coisa, ou vai dizer que antes de saber o significado desse subgênero do subgênero do rock alternativo, imaginava que tinha algo a ver com guitarras barulhentas e lindas melodias?
Pois bem, o Ride, um quarteto inglês, formado no final dos anos 80 em Oxford, conheceu o rótulo logo em seu nascimento e desde então trataram de renegá-lo (totalmente em vão, pois até hoje são "famosos por ele). Nowhere foi o primeiro disco do grupo, lançado pela aclamada gravadora Creation, é tido como o grande clássico do grupo e um dos maiores discos da década de 90. Curiosamente, esse disco é também conhecido como "o segundo maior clássico do Shoegaze", ficando atrás apenas de um disquinho chamado Loveless, a grande obra prima do My Bloody Valentine.
Tendo como elemento principal as guitarras barulhentas, ecoando disco a fora, o Ride também consegue, e muito bem, aliar todo esse trabalho noise e dar uma linda forma para essas 11 canções. A abertura não poderia ser diferente, "Seagull" te joga diretamente dentro de um redemoinho de guitarras e chega te "embaçar" os ouvidos. "Polar Bear" e "Dreams Burn Down" mostram a face mais melódica do grupo, num clima bem cinzento e melancólico, sem perder a beleza e o zumbido.
"Taste" é o único single do disco, segue uma linha mais pop, na linha do rock inglês 80/90, fortes influências de Smiths e Jesus And Mary Chain. O título de música mais bonita do disco, sem sombras de dúvidas, vai pra "Vapour Trail", com uma introdução emocionante, carrega um instrumental impressionante, um trabalho realmente fantástico. A faixa título fecha o disco em grande estilo, "Nowhere" tem o poder de te levar exatamente para a imagem da capa do disco e dá a sensação que está te levando para seu título: nenhum lugar.
Não tenho costume de descrever e citar músicas, porém, quando todas as músicas estão acima da média, fica difícil. Um dos maiores clássicos perdidos da década passada e de todos os tempos. Download.

domingo, dezembro 13, 2009

Built To Spill - Keep It Like A Secret

Guitar Bands talvez seja uma das definições mais legais que existem na cena musical. É um termo bem específico, nem tão usado e acredito que nem seja tão "oficial" quanto qualquer outro, mas quando tu ouve alguma banda que possa se encaixar nessa classe, tu sabe dizer rapidamente.
Não se trata de uma banda com 30 guitarrista em cima do palco duelando heroicamente, só pra ver quem faz o maior solo com o maior números de notas por segundo em menos tempo, longe disso. De certa forma houve uma "revolução" quando os Pixies, Dinosaur Jr., entre outros resolveram usar a guitarra como o instrumento principal de suas bandas, todo o som é guiado pela melodia das seis cordas.
O Built To Spill é uma das melhores crias dessas tais Guitar Bands. Tu se dá conta disso quando conhece o mentor da banda, o incrível senhor Doug Martsch, o cara que tem a habilidade de fazer músicas pegajosas, densas, impactantes que consegue sôar totalmente descompromissadas, logicamente, aliadas as letras cotidianas, confusões e encrencas que passam na mente, cantadas de maneira limpa e bonita. Essa definição foi ridícula, mas foi o mais perto que consegui.
Formado em 92, em Idaho, Keep It Like A Secret é o quarto disco do grupo, lançado em 1998, e foi o responsável por equilibrar o status comercial da banda, que era bem fraco, com o status de sucesso crítico, que foi as alturas com o lançamento do álbum anterior, um dos clásssicos do grupo, Perfect From Now On.
Uma das características da banda, presente nos álbuns anteriores, são aquelas Jams enormes de solos guitarreiros que te levam numa viagem sem fim, influência pura do mestre Neil Young. Nesse disco também estão presentes, porém não tão evidentes, ao invés de fazer poucas músicas de longa duração, todas aquelas jam cerebrais foram diluídas através das 10 faixas do disco, por isso todos dizem que este é o disco "pop" do grupo. Não discordo, porém o Built To Spill não é uma banda que chega ser "inacessível", bem pelo contrário, o grupo consegue fazer canções muito boas, de melodia tristonha e uma sonoridade bem limpa, que eclodem em riffs e solos fantásticos.
O melhor disco para se começar e encatar-se com essa baita banda, a equação exata entre o fácil e o difícil dentro da música do Built To Spill chama-se Keep It Like A Secret. Download.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Superchunk - On The Mouth


O Superchunk poderia muito bem ser considerada uma baita banda só por ter como membor principal o genial Mac MacCaughan, conhecido como o cara que criou a Merge, gravadora por onde já passaram banda como Trail Of Dead, Buzzcoks, Dinosaur Jr., Spoon, Teenage Fanclub, pra não citar o maior sucesso de vendas Arcade Fire e que hoje já não vive uma fase tão boa, não é mesmo Touch And Go?
Vamos combinar que essa já seria uma boa desculpa pra tu se interessar na banda do cara, mas o pior é que a banda dele é realmente boa. Formado no finalzinho dos anos 80 no Estados Unidos, mais especificamente em Chappel Hill na Carolina do Norte pelo já citado Mac, e a baixista e "a outra metade de tudo isso", Laura Ballance, tocavam o puro indie rock americano dos anos noventa.
Engraçado o fato da banda ter um selo tão massa quanto o Merge, eles começaram a carreira com contrato com a Matador Records e On The Mouth é o terceiro disco deles, saíu lá por 93, época bem ingrata pra quem não usava camisa de flanela. Tá certo que esse não é o melhor disco do Superchunk, já digo logo de cara, mas por se tratar do meu preferido, é por isso que tá aqui.
Com um início arrasador, "Precision Auto" é uma pedrada certeira, misturando velocidade e melodia, segunda característica que define bem o trabalho do grupo e que fica bem evidente nesse disco. Criticado por não ter a mesma pegada dos anteriores, pois começa rapidaço e empolgante, e durante a execução pode perder um pouco o brilho por tirarem o pé do acelerador, mas nada que não é compensado pelas ótimas melodias, o vocal agudo e ímpar do seu MacCaughan.
Muito comum chamar de evolução um caso desses, esse pode ser uma boa definição. O som clássico do grupo está presente e evidente, aquele som vigoroso com muita energia e só pra ser repetitivo, melódico, embrião de um pop-punk. Passam velozmente em "From The Curve" e "Package Thief", músicas que podiam figurar tranquilamente nos álbuns anteriores, para momentos mais lentos e não menos calmos de "Swallow That", exemplo de como fazer uma "baladinha" que culimna de maneira grandiosa. Falando em fim, o disco poderia muito bem terminar na "porradinha" de "Flawless", canção número 12, pois a última faixa, "The Only Piece That You Get", apesar de fazer bem o clima de fim de festa, não agrada muito, ponto a menos.
Pela nostalgia dos grandes tempos de Hüsker Dü e Replacements, de quando a SST era a gravadora mais afude do pedaço e a SubPop não dava nem os primeiros passos ainda, esse é o Superchunk, banda que não fez parte desse tempo, mas que mandou muito bem nos 90's. Download.

sexta-feira, julho 17, 2009

Obituary - Darkest Day


Se tu acompanhas o blog assiduamente, deve estar lembrado do álbum Bloodline, dos Tardy Brothers, resenhado aqui há poucos meses atrás. Lembra-te do que eu disse acerca de o álbum ser um aperitivo para o novo do Obituary? Pois é!
Darkest Day vem absolutamente melhor do que o aperitivo! Ao dar o play, não se apavore com os segundos iniciais de "List of Dead". Aparentemente, não passam de uma zoeira, pois a qualidade é horrível, pior do que uma fita cassete. Logo, porém, a sonoridade real vem à tona e a música dotada das já tradicionais características memmoráveis do veterano grupo oriundo da Flórida: Vocal rasgadão e com tonalidade praticamente única de John Tardy, progressões de tempo efetuadas por todos os instrumentistas e, no mínimo, uns 4 solos de guitarra! Infelizmente, as outras músicas não mantêm o mesmo potencial, mas não por isso que sejam desapontadoras. Ao longo das canções, despejam aquele death metal bem variado, ora mais cadenciado ("Your Darkest Day") e ora em tempo médio avançando para rápido ("Blood to Give"). Digamos que o clima é mantido em menor ou em semelhante grau durante o álbum, em decorrência das dezenas de solos (isso realmente foi legal! Não cheguei a contar todos, mas certamente são dezenas de solos virtuosos ou no feeling) e dos elementos tradicionais do Obituary.
Apesar de tudo, não chega a ser um CD excelente. Como diria alguém que conheço, é "mais do mesmo". Um tanto quanto surpreendente é o fato de a obra possuir 52 minutos de duração em 13 faixas! É uma quantia bem alta até, levando em conta o fato de terem lançado o disco anterior, Xecutioner's Return, em 2007.
Nada melhor nem muito inferior aos outros discos lançados recentemente. Obviamente é aquele play que agrada, permanecerá algum tempo no seu rádio - ou playlist -, mas depois será só um álbum. A quem não conhece esses tiozões veteranos do death metal americano, aqui está uma ótima oportunidade. A quem já conhece e aprecia, mais um álbum digno de se ouvir. Download.

quinta-feira, julho 09, 2009

Karl Sanders - Saurian Exorcisms


Demorou, mas a espera compensou! Cinco anos após lançar seu primeiro trabalho a solo, Karl Sanders esteve demasiadamente ocupado com os lançamentos seguintes de sua banda: Annihilation of the Wicked e Ithyphallic. Foram imensas turnês e demais compromissos as causas da demora, mas, novamente, digo que valeu a pena esperar. Sim, pois Karl nunca decepciona! E poderia ser diferente com este registro? Saurian Exorcisms é, sem dúvida, um dos melhores e mais surpreendentes lançamentos do ano.
Se Saurian Meditation fora feito para a meditação, este segundo disco também corresponde ao nome. As composições mantêm o que já havia antes: Batidas tribais, cânticos no dialeto egípcio, instrumentos orientais e, em decorrência de tudo isso, aquela atmosfera única. Pois bem, o diferencial é que poucas das músicas aqui contidas são para relaxamento. Lembra-se da bela "Of The Sleep Of Ishtar"? Aqui há um caso na mesma intensidade, só que deveras demoníaco em vez de tranqüilizante. "A Most Effective Exorcism Against Azagthoth and His Emissaries" é o nome da obra onde conferimos um verdadeiro exorcismo! Uma mulher agoniza, possessa; os rítmos das cordas e das batidas são hipnóticos, os gritos - nos momentos mais críticos - chegam ao ponto de soarem rasgados, maléficos e atormentados; os coros masculinos apavoram, a ponto de erguer os cabelos dos braços do ouvinte. A fusão de tudo soa genuinamente como um tipo de cerimônia. Em comparação a algo daqui, talvez se assemelhe a um terreiro de Umbanda - ou de qualquer religião/culto cujos seguidores entram em transe e incorporam divindades ou espíritos. Realmente é difícil descrever, pois não se assemelha com nada que eu já tenha apreciado. A comparação foi uma tentativa provavelmente mal sucedida. Enfim, de longe é uma das canções mais memoráveis! O registro, porém, é iniciado com "Preliminary Purification Before the Calling of Inanna". Importante deixar claro que os títulos possuem conexões com a musicalidade. Como fica notável aqui, essa faixa seria o prólogo às invocações e ritos que se seguem. Por ser uma purificação, é calma e linda, com direito a uma sublime flauta. "Rapture of the Empty Spaces" dá seguimento ao espetáculo sonoro, apresentando alguns cânticos de exorcismo. O clima oscila entre a beleza serena e uma atmosfera que encaminha-se às trevas. "Contemplate This on the Tree of Woe", em contrapartida do pensamento que vinha crescendo, soa como mais uma purificação. Muito, muito linda! Há ênfase nas cordas, as quais reproduzem solos e escalas harmoniosas. Como já fora dito muito sobre Karl aqui neste blog, acredito que maiores informações acerca de sua vida são desnecessárias, portanto continuamos a analisar a estrutura e o poder das canções. Ritmos compassados, notas memoráveis e repetitivas, sons do interior de um templo e graves vozes masculinas estão contidas em "Slavery Unto Nitokris". Digamos que é uma preparação para a inovação da seguinte: "Shira Gula Pazu". Muita atenção agora! Os vocais urrados e agressivos, presentes em certas faixas do Nile e também no álbum anterior, acompanham os coros, na mais veloz de todas as músicas em matéria de execução. Além disso, há uma progressão assusadora! Isso engloba tudo que o termo possa oferecer: Variações constantes e calculadas de velocidade, enorme variedade de instrumentos, transitando entre a calmaria até a mais mórbida sensação despertada por uma mulher a gritar como se estivesse morrendo, jamais esquecendo os dedilhados e escalas que Karl debulha em, no mínimo, três instrumentos de corda simultaneamente. A esta altura é difícil não constatar e se fascinar pelo fato de todas as faixas possuírem os mesmos tipos de instrumentos e vozes, embora cada uma tenha suas particularidades. "Kali Ma" é guiada por percussões graves, invocações guturais e trombetas agoniantes! Essas últimas são peculiares em algumas obras do Nile. Como vi alguém comentando: "Finalmente! Um álbum cheio de intros do Nile". Faz sentido. "Curse the Sun" retoma os momentos pacíficos. Bases memoráveis envolvem suaves solos, enquanto você pode fechar os olhos e tentar se imaginar no Egito, em algum tempo extremamente remoto. O disco é maestricamente encerrado com "Dying Embers of the Aga Mass Sssratu", faixa com seis minutos de duração, relembrando a flauta da faixa inicial, mas pintando cenas agoniantes ao fundo, através de gritos e suspiros altamente audíveis, intercalando vozes de fêmeas e machos. Grosseiramente resumindo, é a síntese de todos os intrumentos, elementos e climas apresentados no decorrer do álbum. Um final matador, para um álbum com um início e um desenvolvimento igualmente matadores!
Se restava dúvida a alguém - o que é difícil, mas não impossível - quanto a todo o talento de Karl Sanders, seja através de suas músicas brutais com o Nile ou meditativas (agora também exorcistas) com o projeto solo, elas são massacradas por este novo álbum. É mais um alicerce, por assim dizer, para consolidar o nome entre os dos músicos mais criativos, versáteis e surpreendentes de todos os tempos. Download.

terça-feira, julho 07, 2009

Bongzilla - Amerijuanican


Seguidamente, ao escutar ou analisar qualquer gênero musical com guitarras pesadas, lembro-me da banda que me introduziu nestes mundos: Black Sabbath. Depois, relembro a história e, mais uma vez, o embrião veio com eles: Black Sabbath é a raiz de uma árvore repleta de galhos. Hoje, já nem escuto com a mesma freqüência, pois são tantas as bandas e os estilos apreciados que não há como passar o dia do mesmo modo que eu passava quando tinha 12 anos, ou seja, escutando Black Sabbath. Contudo, confesso que é muito lindo e animador botar a tocar este CD do Bongzilla e logo nos primeiros acordes já sentir a influência e - por que não? - o tributo aos mestres! Mais pesado, mais ofensivo, mais chapado, muitos "mais", sem perder a essência. Diversos são os casos similares, tais como o grandioso Soilent Green, mas o Bongzilla chuta demais o balde na hora de relembrar o embrião.
Amerijuanican, lançado em 2005 e também o último material do grupo até o presente momento, como dá para notar pela síntese dos nomes (banda, disco, músicas) e pela capa, fora criado sob a influência da Cannabis e dedicado à mesma. Enquadra-se tanto na classificação de um disco de heavy metal dos primórdios quanto um do não tão velho sludge ou pelo termo mais comum empregado às bandas mais chapadas, ou seja, stoner metal. Suas faixas são recheadas de riffs e linhas de guitarra memoráveis, vocais vomitadões, muito groove e swing, contra-baixo muito perceptível e bateria variadona. Resumidamente falando, é o Sabbath de um Vol. 4 (ou qualquer um dos primeiros discos) muito mais extremo! Ainda há também uma certa dose de experimentalismo na canção "Stonesphere". São 12 minutos de muita tosse, muitos solos de guitarra, barulhos de bong e esqueiro... Enfim, é uma faixa extremamente agradável e no mínimo risível (no melhor sentido) caso você escute na mesma situação em que os músicos da banda se encontram na maior parte do tempo (inclusive quando escreveram e gravaram o disco). Fica difícil também dizer o que é melhor: O começo, meio ou o fim. Pois visto que inicia extremamente marcante com a faixa-título, encerra-se com "Champagne & Reefer" - faixa dotada de todas as características já citadas, mas desta vez acrescentando uma levada de blues bem na manha, extremamente digna de elogios!
Como ocorre com alguns outros álbuns, dependendo da condição melhora mais ainda! Já é muito bom por si só, mas admito que... Então, meu (minha) caro(a) leitor(a), chame os amigos (ou alguém com quem você se sinta bem), roll on a big joint, burn it and be happier! Download.

PS: Reflita acerca da capa. O mundo seria absurdamente melhor se as pessoas parassem de matar umas às outras através de guerras ou qualquer tipo de terrorismo, se ficassem fumando Cannabis. Se a erva fosse legalizada, crianças não precisariam pegar em armas para o tráfico abastecer as cidades. Se qualquer cidadão podesse plantar seu pé (aliás, proibir o cultivo da planta é contra a natureza, visto que maconha não se faz em laboratório como o crack ou o pó da cocaína), dificilmente haveria o tráfico e a grande teia de corrupção e marginalidade que o envolve. Mas, né, as pessoas preferem acreditar que Cannabis destrói e leva à degradação do invíduo, por causa de toda essa falácia dos governos (os mesmos que dão hospitais e escolas podres à população, isso quando dão, e que estupram seus bolsos com impostos ridículos cujas verbas são desviadas sabe-se lá para onde) ou de qualquer outro meio de manipulação das massas (a mesma religião que diz que o todo poderoso Deus criou tudo, mas depois diz que a maconha é criação do demônio, é um bom exemplo). Mas eu ainda tenho esperanças de poder algum dia sentar numa praça pública e queimar um escutando música ou lendo um livro... Não quero dizer, com tudo isso, que todo usuário é um cidadão de bem. Sempre houve e provavelmente sempre haverá algum mal intencionado se aproveitando das propriedades do fumo, mas pense nisto: Michael Phelps (o maior nadador de todos tempos), Giba (um dos melhores ateltas do vôlei mundial), inúmeros escritores, músicos, médicos, psiquiatras e até advogados são usuários. "Ah, mas é na maconha que se inicia o uso de drogas pesadas!" - já advirto ao indíviduo que quer ver dragões ou qualquer anomalia que a maconha não lhe dará isso. Está mais do que óbvio que o problema não está na planta! O problema está na cabeça do indivíduo.

segunda-feira, julho 06, 2009

Job For A Cowboy - Ruination


Um nome estranho e uma abordagem sonora distinta fizeram os americanos do JFAC explodirem em 2005 após o lançamento do EP Doom. Considerado por muitos como mais um material do famigerado "deathcore", a realidade é que o trabalho do grupo já ia bem mais além (de "core" só os breaks monotônicos, pois a estrutura geral era de um death progressivo sem traços genéricos), fator que não foi o suficiente para livrar a banda da perseguição dos tr00 headbangers que, em muitos casos, nem ouviam o material, apenas julgavam a banda pelo visual "franjinha no olho" e pronto. Não obstante a qualidade do EP, os caras decidiram mudar radicalmente: Tornaram-se adeptos de um death metal reto, sem breakdowns, com letras criticando a religião cristã e por aí vai. Genesis, de 2007, foi o álbum que marcou essa mudança. Mas não foi o suficiente, pois a banda estava bem imatura e despreparada para executar tal proposta com firmeza. Agora, finalmente, dá para dizer que alcançaram o tão almejado objetivo: Ruination mantém a mesma idéia de Genesis, todavia aprofunda-se bem mais: Musicalidade mais cativante, interpretações mais maléficas, uma precisão enorme, mais criatividade, temas mais macabros e uma produção 'classe A' fazem dele o disco que a banda, ou melhor, que Jonny Davy e Brent Riggs - os únicos membros originais - quiseram fazer antes e não conseguiram.
O álbum abre com uma das melhores faixas: "Unfurling a Darkened Gospel". Vorazmente veloz, (re)apresentando a síntese dos vocais rasgados e guturais, ainda com direito a solo de guitarra em dupla no seu clímax, a música é um excelente prólogo à porradaria desenfreada que se segue. "Summon the Hounds" vem na seqüência e não dá folga ao ouvinte! Sua "invocação" é realmente malevolente e faz-nos dar aquele sorriso à primeira audição, visto que é um belo modo de representar o título. "Regurgitated Desinformation" traz uma rifferama muito técnica, veloz e empolgante, sendo também um dos grandes destaques, ao lado de "Constitutional Masturbation" e sua memorável linha geral dos instrumentos (cativante e de fácil absorção). Se você acompanhou o MySpace da banda antes do lançamento, deve estar notando que eles lançaram primeiramente só as melhores, para depois despejar o álbum na íntegra. No mais, escute o avassalador e apocalíptico solo de "March To Global Enslavement" e preste atenção no final trabalhado e épico dado pela faixa-título - depois disso não haverá dúvida do quanto os moleques progrediram e caminham em direção a algo muito maior!
Se manterem a intensidade deste melhoramento, o próximo álbum será um marco. Ruination é bom, inquiestionavelmente melhor que seu antecessor, embora não seja excelente. Apesar da melhora, os rapazes precisam ter umas aulinhas de Suffocation, Deicide e Nile para soarem totalmente "do mal", como pretendem. Download.

Converge - No Heroes


O Converge teve um bela introdução em nosso blog com seu elogiadíssimo disco Jane Doe, considerado uma obra prima da música extrema e pesada, com méritos de sobra, esta é a vez de conferirmos No Heroes, sexto álbum do quarteto de Masschusetts, lançado em 2006 pela Epitaph (?) e é o último trabalho do grupo até o momento.
Desde 2001, quando lançaram Jane Doe, os rapazes do Converge chegaram a um patamár que poucas bandas conseguem; só fizeram discos acima da média. Em 2004 foi o You Fail Me, o primeiro disco do grupo que conseguiu um certo êxito comercial, tendo em vista que a banda é independente e também pelo estilo musical (Hardcore-Punk / Matcore) manteve o trabalho do disco anterior, porém com uma repercurssão ainda maior.
No Heroes, de 2006, consolidou de vez o Converge dentro do cenário da música extrema. Eu arrisco a dizer que o Converge é, ao lado do Botch, ícone e referência quando o assunto é o tal "Mathcore". A carreira do grupo chegou a um ponto em que fazer uma resenha é totalmente em vão, pois o som do grupo é bem "único", então em todos seus trabalhos, eles não desapontam nenhum fã que espera grandes doses de metal e hardcore.
O disco pode ser dividido em 3 partes, a inicial, que vai da faixa 1, "Heartache", até a faixa 6, que leva o nome do disco, isso em torno de 10 minutos. Aí vem a divisão do disco, "Plagues", que acalma os ânimos com sua guitarra lenta e pesada ao cubo, introduzindo à progressiva "Grim Heart / Black Rose", música de estrutura complexa, longa duração e que chama atenção pela mudança de voz de Jacob Bannon, do gritado saturado para uma emulação de vocalista genérico de Hardcore.
É dessa parte em diante que começa ficar mais interessante ainda, eles resolvem misturar com mais intensidade a agressão inicial com a complexidade de ritmos, "Lonewolves" é cheio de escalas guitarrísticas e junto com o vocal chega a lembrar o falecido Fugazi em certos momentos. "Versus" é um grande exemplo de como se espancar uma bateria, e se até aqui tu não tiver com a cara cheia de ematomas, as últimas duas músicas farão o serviço sujo.
Pelos momentos mais experimentais do disco, houveram algumas críticas a isso, também algumas sugerindo que em certos momentos do disco, faltava um pouco de inspiração. Dizem que o trabalho do crítico é exatamente esse, mas não se engane, No Heroes é um disco de pura raiva, revolta, paixão e potência, que vai nos preparando para seu novo lançamento, que irá provar se eles são realmente intocáveis. Download.

quarta-feira, julho 01, 2009

Sunn O))) - Monoliths & Dimensions


Não sou o maior fã de Sunn O))) e talvez nem seria a pessoa mais indicada aqui a fazer esse serviço sujo de descrever o novo trabalho do duo drone doom americano, porém fiquei extremamente impressionado com a qualidade do trampo e mais ainda, como uma banda tão anticomercial conseguiu - e consegue - um êxito tão grande com a mídia e crítica e ainda mais com os diversos ouvintes.
O grupo já não é mais novidade pra ninguém que está atualmente ligado ao mundo da música hoje e pelo peso de seu som, e toda essa estética dark envolvida em seus discos e shows, o primeiro rótulo a vir a cabeça é o famigerado "metal", mas acabei me enganando um pouco.
Tá certo que o rótulo mais correto para se designar o Sunn seria o Doom, ou seu subgênero, Drone Doom, mas o "real" som do grupo origina-se do cultuado e revolucionário Earth, uma banda que estava ligado diretamente ao rock alternativo. Acho que essa é a única razão que eu encontro para explicar porque eu encontro mais resenhas e menções desse discos em sites de rock alternativo e indie do que em sites e blogs mais "do mal" e é por isso que eu acho o Sunn O))) um dos grupos mais interessantes de nossa época.
Monoliths & Dimensions já é o sexto disco de estúdio do duo que consiste em Stephen O'Malley (que participa também do Khanate e Burning Witch) e Greg Anderson (do Goatsnake) lançado este ano pela Southern Lord, um selo referencial no estilo. O álbum conseguiu um destaque ainda maior que seu antecessor, Black One, e levou em torno de 2 anos até estar completo. Várias participações especiais, como da lenda Dylan Carlson do Earth, o compositor Eyvind Kang, que já trabalhou com John Zorn, Mike Patton, Beck e Secret Chiefs 3, o húngaro Attila Csihar, vocalista do Mayhem, entre outros músicos, de arpa e flauta, piano, contrabaixo, cordas e vozes femininas pra lá de macabras.
Mais que notável, o grande destaque do disco ficou por conta da inovação do grupo e a quebra de barreiras, por misturarem o seu som monolítico e denso com a música clássica, resultando em quatro sons realmente apocalípticos. E dentro as quatro músicas, é a faixa número dois que carrega todo esse frisson, "Big Church" é uma das músicas mais geniais dentro do repertório do grupo e dentro do estilo. Aliando o peso e andamento tradicional com guitarras levemente dedilhadas, vocais femininos horripilantes, uma narração rouca e monstruosa, criam a sensação do ouvinte estar preso em alguma catedral realmente assustadora, cercado de fantasmas e espíritos, te levando ao desespero ao longo de seus quase 10 minutos.
Mas eu também destaco a faixa número um, batizada de "Aghartha". Ponto forte na construção desse disco foi o grupo ter deixado a parte conceitual nas mãos de Attila, que fez um trabalho fantástico (quem quiser mais detalhes, aqui vai uma entrevista longa e detalhada sobre todo o trabalho do cara e sobre cada canção - em inglês). Esta primeira faixa fala sobre a lenda de um continente chamado de Agharta, que estaria situado entre o núcleo do terra e nossa superfície, e o único meio de se chegar até lá, seria através dos pólos. Nesta entrevista ele explica que ninguém nunca conseguiu chegar perto, e quem foi, nunca mais voltou. Devido ao magnetismo presente nestas áreas, marinha e aeronáutico proibem qualquer tipo de tentativa de visita a estes pontos, fazendo que cresce ainda mais a dúvida e a curiosidade.
Na canção, essa idéia é trabalhada severamente mais forte do que neste texto, logicamente. Além do lirismo, a interpretação vocálica assustadora, aliados aos efeitos de som, como água e barulho de cordas, criam um clima de viagem em um barco fantasma em direção ao fim do mundo. Difícil de se escrever é dificilmente igual criar alguma conclusão para fechar este texto, mas independente de tudo que se diz a respeito do grupo, das diversas críticas aos elogios, fizeram algo mais acessível, em comparação a trabalhos anteriores, e ao mesmo tempo criaram um disco ímpar, abrindo um novo horizonte pro grupo. Ouça em alto e bom som. Download.

terça-feira, junho 30, 2009

Converge - Jane Doe


Converge, resumidamente falando, é uma super banda. Não, não estou falando de uma banda formada por músicos de diversas outras bandas e cuja reunião resulta em algo grandioso - embora o som deles, principalmente neste álbum em questão, seja deveras grandioso. Digo isso porque todos seus integrantes são dotados de diversos talentos!
Jacob Bannon, além de ter uma voz rara e muita expressão, é consagrado artista visual - efetuando até algumas capas do próprio Converge -, ativista pró-vegetariano e muito mais. Algumas bandas para as quais ele realizou trabalhos (desde capas a logos ou algum tipo de design): Disfear, Poison The Well, Modern Life Is War, Goatwhore e dezenas de outras. Kurt Ballou, além de dominar a guitarra e o teclado, canta em certas ocasiões e já é um consagrado produtor! Bandas com as quais trabalhou: Torche, Misery Index, Genghis Tron, Trap Them e muitas outras. Nate Newton, o baixista, também é guitarrista e vocalista em outros dois projetos: Old Man Gloom (com Aron Turner, do Isis, e Jay Randall, do Agoraphobic Nosebleed) e Doomriders. Ben Koller, baterista, pode ser o enigmático baterista do United Nations.
A banda surgiu em 1990 e, de lá para cá, já lançou sete álbuns (fora as várias demos, um EP e diversos splits com nomes do calibre de Brutal Truth)! O oitavo é planejado para ser lançado em vinil neste mesmo ano em que estamos vivendo pelo selo Deathwish Inc. (pertencente a Jacob) e em CD pela Epitaph. Jane Doe é o quinto e fora lançado em 2001.
É completamente difícil fazer uma resenha minuciosa acerca da musicalidade e dos demais fatores que influenciaram o álbum. Há uma presença predominante do hardcore punk, mas há também arranjos bem complexos, quebradas de tempo e uma caoticagem tradicional do mathcore. O vocal de Jacob é extremamente gritado e chega a soar distorcido, dando um certo ar de noise. As composições são dotadas de muito sentimento! E independente do tipo, seja algo raivoso ou um profundo lamento, a síntese de todos eles contribui para o bom decorrer das canções. Cada vez que escuto, uma atmosfera diferente é abosrvida. Acredito que seja devido à enorme quantidade de "informação" aqui presente. Por isso, visto que são alguns meses escutando o disco, recuso a fazer algum tipo de julgamento ou algo mais minucioso. Prestou atenção em tudo que foi dito logo acima? Pois bem, acredito que isso lhe dará uma base do talento dos músicos. Só acrescentando, andei escutando o álbum You Fail Me e não senti a mesma intensidade de Jane Doe. De fato, esse foi considerado por muitos dos fãs como o ápice do Converge! Sem mais, baixe (ou compre) e seja feliz! Download.

quarta-feira, junho 17, 2009

Future Of The Left - Travels With Myself And Another


Surgido das cinzas do Mclusky, uma das bandas mais geniais e desconhecidas dos anos 2000, e que cometeram um dos maiores acertos musicais deste tempo, o matador Mclusky Do Dallas, o Future Of The Left também vem de Cardiff, País de Gales e faz um som bem parecido, o que deve ser encarado como algo bom. Muito bom.
Esse aí já é o segundo disco do grupo, que mudou apenas de baterista, de uma encarnação para a outra, que resultou em pequenas mudanças, botando um pouquinho de melodia e um pouco mais de polidez ao Noise Rock chute na cara.
Que a verdade seja dita, esse disco é uma maravilha, eu poderia resumir apenas em "Pegue essa merda logo e escuta BEM ALTO!".
Ironia e humor negro é pouco pra esses três magrões loucos. Eu poderia passar o dia escutando "Throwing Bricks At Trains", e eu até já tentei, não consegui por que tive que sair. só mais uma coisa: YOU NEED SATAN MORE THAN HE NEEDS YOU. Aqui.

quinta-feira, junho 04, 2009

Jesu - Why Are We Not Perfect?


Ao escutar este EP do Jesu, muitos pensamentos bons transitam em minha mente. O que me deixa mais feliz é saber que o grande cérebro por trás da banda é Justin Broadrick - um dos primeiros membros do Napalm Death e posteriormente do Godflesh. Mas por quê tanta felicidade? Pelo 'simples' fato de que aprecio em demasia tanto grindcore e som extremo em geral quanto som extremamente leve, mais precisamente música ambient. Portanto, fico feliz de ver que os caras de bandas assim também demonstram interesse em outras áreas da música, como eu, arriscando-se numa carreira assim. É uma maneira de se sentir menos isolado deste mundo, acredite...
Why Are We Not Perfect? contém as mesmas músicas que foram lançadas no split EP com o Eluvium, sendo que a única diferença é a adição de versões alternativas para duas das três faixas. Dizem que esse é o registro mais "acessível" da banda. Admito que só conheço esse material (no momento) e, em decorrência disso, não posso opinar sobre a questão. As únicas afirmações que posso fazer são: Sim, é um material acessível a um público grande, pois é bem leve e deveras agradável de apreciar. A outra é que, independente de tudo isso, temos em mãos um dos materiais de ambient mais cativantes dos últimos tempos! Há muitas atmosferas, vocais oníricos, suaves linhas de bateria e muito experimentalismo na manipulação do som em geral. Como audição obrigatória, indico a faixa título, visto que é tão serena que dá sono (no bom sentido, obviamente).
Justin é quem faz tudo, acredito eu. Somente para a apresentação ao-vivo que necessita de outros músicos. Garanto que todos conhecem o ditado "Quer bem feito? Faça você mesmo!". É, faz sentido. Muitas das "one man band" de hoje em dia executam algo muito interessante...
Frizo novamente: Jesu é uma dessas e é extremamente cativante! O EP em questão agradará de cara, sendo que a tendência é melhorar com o tempo. Download.

segunda-feira, maio 25, 2009

Zombi - Spirit Animal


Poucas são as informações que encontramos a respeito deste duo americano de música progressiva e instrumental, mas, em contrapartida, cheia de detalhes e de riqueza é a música deles.
Ambos os músicos tocam sintetizadores (vários modelos, mas todos são 'arquétipos', ou seja, dos primeiros modelos, aqueles que soam "levinhos" se comparados aos de hoje). Depois, um foca no baixo (Steve Moore, o qual inclusive tem ainda uma carreira solo) e o outro (A.E. Paterra) na bateria.
Por mais que a descrição dê uma ideia de limitação, a realidade ao reproduzir as músicas é bem ao contrário. Com faixas que vão de 6 a 17 minutos, conferimos muita variação de clima, progressão, criatividade e emoção. Exatamente isso: Emoção. Há uma questão mais forte envolvendo a musicalidade deles, e isso é até um tanto quanto difícil de descrever, entretanto leia títulos como "Cosmic Powers" e "Spirit Warrior" para ter uma ideia do que os inspira a compor. Algumas passagens melódicas, recehadas de atmosfera dos synths, acompanhadas da leve bateria e das boas levadas do baixo passam uma sensação tranquila e gostosa, tornando Spirit Animal um bom álbum para aqueles momentos em que queremos escutar apenas som instrumental! A priori, um lançamento muito interessante para quem aprecia bandas de rock progressivo e instrumental, bem como aquele clima de Pink Floyd, Yes, Rush...
A sensação final absorvida através da audição do álbum deve ser similar a de entrar num "buraco de minhoca" e cair no finalzinho dos anos 70, na era pré-digital, e se deliciar com as maravilhas "modernas". Download.

domingo, maio 17, 2009

Q And Not U - No Kill No Beep Beep


Preconceito com nomes de bandas foi sempre algo que me acompanhou vida a fora, mas é algo engraçado. Toda vez que eu ouço algo que eu achava com nome babaca, acabo achando algo interessante, e talvez esse seja um dos maiores exemplos: Q And Not U.
Nascidos em um dos melhores seleiros de bandas da américa, Washington DC, eles também fizeram parte do cast de uma das melhroes gravadoras independentes de lá, a Dischord, que moral hein? E como não podia ser diferente, são grandes seguidores do Fugazi.
Seguidores mas não copiões. Esse quarteto pega toda a energia do Fugazi e combina com várias dinâmicas ritmicas, dançantes, melodicas, guitarristicamente complicadas que resultam em quase um Math Rock. Realmente, é difícil de classificar o som do Q And Not U, mas até o rótulo Dance-Punk já foi usado, e apesar de soar besta, chega a fazer sentido: Uma banda de atitude punk, com uma puta energia, fazem um indie pop agressivo com batidas quebradas e dançantes, sem o uso de teclados e eletronicidades.
No Kill No Beep Beep tem um nome pior ainda que o da banda, mas foi o disco que me fez abrir os olhos para eles, pela honestidade e qualidade do trabalho; um amontoado de clichés que faz parecer com algo totalmente novo, uma sonoridade que gruda logo de cara e algo que tu vai adorar ou odiar, de fato.
Da curta carreira, de 98 a 2005, esse foi o primeiro de 3 discos e talvez seja o melhor deles, mesmo assim não é nenhum clássico. Apesar de ter várias músicas afudê, como a primeira e frenética "Line In The Sand", que por fim descamba pra um funk cheio de distorção ou então "Hooray For Humans", pós punk enérgico lotado de riffs complicadinhos e quebras de ritmo, tem a má companhia de outras nem tão legais quanto, como a número 5, "Kiss Distinctly American", uma calmaria que não só deixa a peteca cair, como ainda chuta ela longe. Mas por fim, acredito que as músicas boas ainda acabam por salvar o disco, e bem. Que me diz? Download.

quinta-feira, maio 14, 2009

Isis - Wavering Radiant


Eis aqui um exemplo de banda que prefere investir novamente em algo diferente a se repetir!
Ao contrário do que a maioria esperava, o Isis não fez mais um In The Absence of Truth. Calma! Isso não quer dizer que voltaram a fazer som completamente sujão na linha do The Red Sea, mas há algo que será dito logo de cara, mais a frente, e que possui semelhança, de certo modo, com essa época. Ainda a respeito deste "diferente", não é nada mais que um aprofundamento de determinados traços e a volta a outros, mais precisamente estou me referindo à grande exploração do lado harmonioso e a reutilização de muitos vocais agressivos, bem como certas passagens bem agressivas do instrumental e mais experimentalismo de estúdio que em qualquer outro disco deles.
O álbum abre com "Hall of the Dead", música dotada de várias passagens de teclado e com uma pincelada do que será apresentado bem mais a fundo pela frente - harmonia e agressividade numa fusão extrema. É estranho que ela soe "morna", não pendendo para nenhum dos lados, mas a idéia torna-se compreensível na faixa seguinte, "Ghost Key". A obra começa com suaves guitarras, muito agradáveis e memoráveis, explorando por muito tempo só as lindas melodias. Em seu decorrer, apresenta versos recheados do vocal grave de Aaron Turner, sendo que determinada parte possui muitos efeitos de estúdio, deixando principalmente o reverb no talo, efetuando, assim, um experimento que soa como "alguém a gritar numa caverna"! É mais um momento muito marcante da música, só não sendo mais que a já citada introdução. No decorrer do álbum a fórmula vai sendo repetida - bem repetida - o que causa certa estranheza, já que eles costumavam variar mais as músicas. Ainda temos, como nos álbuns anteriores, uma faixa puramente ambient. Ela é a faixa-título, emendada com a anterior e com a seguinte. Definitivamente não é a melhor deles, visto que é um tanto quanto monótona - as dos outros álbuns tinham vários elementos -, mas é bem relax e agradável, como dá para supor. "Threshold of Transoformation" encerra o álbum com maestria, envolvida com bastante peso na primeira parte (tem quase 10 minutos de duração), de uma maneira como não se ouvia desde Oceanic (lançado em 2002)! Além disso, enquanto o instrumental se aventura em diversas melodias nas guitarras e escalas ousadas no baixo, existem diversos vocais podrões - beirando o black metal - "ocultos" por filtros da produção, numa demonstração muito bem-sucedida de experimentalismo. Seu final apresenta um "estéreo" das guitarras competindo pela nota mais bonita.
Pois bem, apesar de se atreverem a irem bem afundo em misturar as melodias com mais agressividade, Wavering Radiant não tem o mesmo feeling dos outros álbuns, fato que nos impede daquele "apego" como há para com os outros. Refiro-me àquele "quê" épico e um tanto quanto inexplicável contido nos registros anteriores, os quais davam gosto de apreciar, sendo perceptíveis logo na primeira escutada.
Em contra-partida, Jeff Caxide é responsável por manter uma bela característica do Isis: Aquele contra-baixo destacado! Quem conhece sabe muito bem do que estou falando. Quem não conhece, deve, portanto, escutar o álbum ou tentar imaginar dois contra-baixos gravados: Um normal e outro mais "acústico", flutuante, com um som agudo e grave ao mesmo tempo, sempre tocando somente em passagens memoráveis! Mesmo tocando também no Red Sparowes e no Spylacopa, fica extremamente evidente que é no Isis onde ele despeja seu verdadeiro talento.
Percebe-se que temos em mão mais um CD excepcional! Possui mais prós do que contras, por assim dizer. Conforme fora bem expresso, não é aquele que agradará logo de cara, muito menos o melhor deles, todavia que tem seu enorme valor, revelando a cada audição vários detalhes novos e, com tempo, sendo absorvido com mais facilidade. Em decorrência disso, vai ficando mais agradável e atraente. Lembre-se: Para tanto são necessárias várias audições minuciosas. Dwnld.

quarta-feira, maio 13, 2009

Kylesa - Static Tensions


O que esperar de uma banda com dois bateristas? Aliás, além disso também há três vozes, duas masculinas e uma feminina. Mais ainda: O que será que uma banda desse porte faz em seu quarto CD? Pois saiba que somente escutando Static Tensions você compreenderá!
Notórios por essas características e também pela complexidade de suas criações, Kylesa surgiu em 2001, na cidade de Savannah, Georgia, EUA. Contando com membros já experientes da cena local nos anos 90 e tirando o nome de um ensinamento budista (kilesa mara), a banda sabe - e muito bem - o que faz!
Temos elementos de hardcore old-school, peso tradicional de sludge, vocais passando desde os agudos desesperados, furiosos graves e também os belos e suaves da guitarrista Laura, bem como muitos efeitos de rock psicodélico dos primórdios e stoner metal dos tempos modernos. Não obstante, o método de gravação das baterias é muito notável, pois cada uma toca em um lado - com fones de ouvido dá para perceber cada detalhe diferente, seja uma virada ou um kick a mais. A constante mudança de ritmos na bateria impõe um clima brusco, pois da pancadaria tudo pode tranquilamente mudar para batidas rítmicas e tribais! Em decorrência de tudo isso, podemos encaixar a banda no ramo do metal avant-garde, sem dúvida alguma. Todas as faixas são bem distintas umas das outras, o que vai prendendo à audição, pois jamais cai na mesmice. Como destaques, é justo mencionar a pegada faixa de abertura, "Scapegoat", devido à empolgação que passa com seu memorável verso de guitarra e pelo "duelo" dos bateristas na intro, sem esquecer o momento de experimentalismo psicodélico ocasionado por diversos efeitos de produção numa guitarra que se transforma em vento, voltando a ser guitarra, voltando a ser vento... "To Walk Alone" encerra o álbum em grande estilo! As baterias rítmicas e tribais servem como uma base para as guitarras limpas, na primeira parte da música, as quais deixam pairando um clima de música oriental. Em seguida, entra a distorção, mas não saem as batidas tribais, para o vocal chegar saturado de efeito e com uma guitarra flutuante sobre ele! Sempre é difícil descrever esses elementos de psicodelia, por isso nada como ouvi-los e experimentar das mais diversas sensações. Isso é só para você ter uma noção, pois todas as faixas apresentam algo interessante, em maior ou menor escala.
Dois bateristas, três vocalistas, diversos estilos musicais em síntese e... Ah! Já está mais que explícito o quanto essa banda merece ser conferida! Não perca tempo e vá atrás, pois vale a pena. Download.

terça-feira, maio 12, 2009

Callisto - True Nature Unfolds


Poucas são as bandas que tem o dom de agradar em cheio logo numa primeira audição. Callisto é uma das que conseguem efetuar tal proeza - e olha que não digo isso isoladamente, visto que conheço mais pessoas cuja experiência foi idêntica a minha.
Pois bem, ela ocorreu com o álbum Noir. Nele, além de tocarem aquele sludge/doom saturadão com melodias atmosféricas - também feito com maestria por nomes como Rosetta e Intronaut -, incrementam diversos outros instrumentos, os quais ocasionam em um flerte com determinados estilos. O sax, por exemplo, deixa um clima de jazz pairando. A flauta, em contrapartida, recorda estilos musicais dos primórdios da humanidade. Ainda poderia citar minuciosamente vários outros fatores que os tornam uma excelente banda a se conhecer e explorar, porém vou diretamente a este álbum em questão.
True Nature Unfolds foi o primeiro full-lenght, lançado em 2004. Apresenta-nos uma parede sonora composta de uma euforia sentimental! Nas melodias melancólicas das guitarras, no desespero do vocal, através das pontes do teclado e dos maravilhosos solos de sax podemos sentir uma mistura de tristeza, romantismo, agonia, frustrações, amor e raiva! Após a intro, cujos samples lembram muito os projetos de música ambient de todo o mundo, temos "Blackhole", uma música bem pesada, na veia dos primeiros trabalhos deles (os quais eram mais hardcore e menos atmosféricos). Não tarda e "Limb Diasporas" já vem com uma introdução limpa, baseada em guitarras memoráveis, inegavelmente marcantes devido à facilidade com que penetram em nossas mentes! Essas simples palavras poderiam resumir, em suma, o que é a obra como um todo, todavia deve ser dito mais: "Storm" é um pedaço de arte! São 9 minutos muito viajantes, indo das mais arrastadas e melancólias melodias ao peso bruto do doom, com maravilhosos vocais femininos, depois substituídos por guturais completamente urrados e rasgados de doer a garganta! Como outro destaque, cito a intro de "Caverns of Kafka", bem como seu riff e a fascinante linha geral do teclado (linda em demasia). Ok, a música por completo é ótima.
Recentemente, após mudanças de membros, lançaram o álbum Providence. Notório por soar diferente do seu antecessor, mais ainda desse aqui em questão, é um álbum na "lista de espera" para ser postado.
No momento, contudo, True Nature Unfolds e Noir são ótimos discos para explorar! Não só por serem muito bons, mas porque ficam melhores conforme você vai se acostumando com as músicas, já que elas são longas e trabalhadas, a ponto de quando você "decorar" a linha de um instrumento, poder perceber alguma novidade vinda de outro. A quem preza por detalhes, mas não exatamente por música completamente detalhista, eis aqui um som de primeira qualidade. Quem procura por um som reflexivo, emocionante e capaz de realizar a catarse, deve mergulhar de cabeça! Download.