domingo, março 25, 2007

Roger Waters - The Pros And Cons Of Hitch Hiking


Antes de tudo: Esse é um dos melhores álbuns conceituais que eu já tive o prazer de escutar.
Trabalhos assim não são para qualquer um, pois o negócio é complicado e pode virar uma chatice. Mas me diga, quando a mente por trás do trabalho é Roger Waters, será que o álbum vai ser uma chatice ou uma bela obra? A meu ver, os trabalhos de Roger Waters são fantásticos, todos, sem exceção. Qualquer obra feita por esse gênio tem alguma mensagem a passar, seja uma lição de consciência ou de vida ou apenas para ele exorcizar todo o ódio que possui às guerras e à sua vida sempre conturbada, com altos e baixos. Caso não saiba, Roger não conheceu o pai, pois o mesmo morreu na guerra, e alguns fatos como esses estão implícitos no clássico The Wall, que talvez seja o melhor álbum conceitual de todos os tempos, pois não existe algo parecido no mundo.
Ah, não ressaltei que Roger Waters era líder, baixista, cantor e principal compositor do Pink Floyd, né? É que, creio eu, nem precisava, porque é difícil alguém não conhecer esta grande banda. Falando nela, algumas músicas deste disco soam completamente Pink Floyd, como era de se esperar, não? E não é plágio, pois Roger tem todo o direito sobre suas próprias composições, e, como ele possui um estilo único, seria meio difícil ele criar mais um.
Todas as músicas são nomeadas por um "horário", e entre parênteses há um título para cada uma. A viagem começa às 4:30 AM., com passagens de teclado marcantes, vocal totalmente expressivo de Roger e guitarra com solos de arrepiar os cabelos do meu braço. Na seqüência, às 4:33 AM, vem a minha preferida de todas: "Running Shoes". Algo completamente psicodélico, com uma letra que te deixa pensando assim: "Mas que diabos esse cara quer falar com isso?", um saxofone tocado com gosto, efeitos de estúdio (como o de um carro andando em alta velocidade e uma mulher gemendo com muito prazer), uma parte mais reflexiva e um trabalho lindo, lindo demais, de guitarra, sem esquecer, novamente, da interpretação vocal de Waters, que não canso de repetir: É fantástica! Dá para sentir a agonia que o cara carrega na alma. Já às 4:37 AM. Roger parece estar lembrando de algo que fez na companhia de alguma mulher, que lhe falava coisas agradáveis e em seguida o levou a um parque de diversões. Acreditem, parece o áudio de um filme! É algo que rompe as barreiras da criatividade. 4:39 parece ter sido um dos momentos mais complicados da jornada, Waters grita com tanta aflição, mas tanta aflição, que acredito que ele teve de se drogar para chegar a certo ponto. Às 4:41 começaram com um belo saxofone e Roger cantando sobre uma "Sexual Revolution", ou seja, "Revolução Sexual". O clima causado pela guitarra e pela bateria lembra fortemente o blues. 4:47 AM. Parece ter feito Roger recordar-se de mais algumas lembranças tristes, algo que mexeu com suas esperanças, talvez com seus sentimentos de forma geral, não à toa o som foi batizado como "The Remains Of Our Love", traduzindo: "As lembranças do nosso amor.". Às 4:50 AM. Roger foi pescar, e você pode viajar com ele por 7 minutos de música, através de diversas passagens harmoniosas ou reflexivas, como preferir, até o desespero puro passando por mais solos de saxofone e guitarra. Lá pelas 4:56 Roger divide seus vocais com uma bela cantora, infelizmente não sei o nome dela, mas, acredite, ela canta bem. 4:58 da manhã, as coisas estão cada vez mais estranhas, pois tudo parece estar confortável, mas agonia e o desespero retornam. Seriam as drogas fazendo efeito? Provável, mas às 5:01 tudo parece mais alegre, muito mais alegre, ou o efeito passou ou está apenas começando. 5:06 vem tirar a dúvida, em mais uma situação de cadência. Seria o conforto ou falso-conforto? Não se sabe, não há como saber. É tudo tão estranho... As lamentações voltaram e o desespero também, mas... O que? Já se foram novamente? Yeah, tudo está tranqüilo agora. São 5:11, vai amanhecer e o sol está chegando, isso lembra tudo novamente, a situação é muito parecida com a dos minutos anteriores, mas subitamente o silêncio domina tudo... Tudo... O dia deve ter aparecido, está acabada mais uma madrugada cheia de aflição.
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2 comentários:

Anônimo disse...

Dizem que Roger Waters apareceu, em 1979, com uma demo na qual continha os trabalhos "The Wall" e os "Pros and Cons..." Os integrantes do Pink Floyd optaram pelo "The Wall". Quatro anos depois, "The Pros and Cons" foi lançado como solo de Waters. Acredito que muita coisa foi mudada em relação à fita original. Pink Floyd é meu grupo predileto. Roger Waters, a meu ver, foi seu compositor mais eclético(o que nem sempre quer dizer "melhor"). No "the Wall", Waters encontrou um estilo. O disco(The Wall) é ótimo, contudo o problema é que, a partir daí, Mr. Waters ficou preso demais a este estilo. E, em nenhum de seus trabalhos posteriores, conseguiu fazer algo de tanta grandeza(e eficiência) como no "The Wall". Sinto saudades do tempo que Roger Waters compunha coisas como: The Nile Song, If, Free Four, Welcome to the Machine, Embryo, Julia Dream...

Julio Cesar disse...

Realmente o Waters se prendeu a fazer trabalhos conceituais e bem progressivos! Sobre esse fato que você falou, eu não sabia, mas faz sentido! Fico pensando que, se isso for verdade, se a banda tivesse optado pelo outro trabalho, como seriam essas músicas? Olha, a história da música ia ser diferente. Talvez o Pink Floyd não chegaria aonde chegou. Só sei que tenho saudades de um certo estilo utilizado no "Piper At The Gates of Dawn"...