terça-feira, julho 22, 2008

Biosphere - Cirque


Cirque... Primeiramente, questionei a mim mesmo se isso seria um circo ou algo similar. Vindo do Biosphere, seria bem provável que não fosse, e, de fato, não é. Cirque (que significa circo em francês) geograficamente falando é um "vale" formado em frente a uma montanha de gelo, por motivos de erosão. Após ler isso, fica evidente que este trabalho possui forte ligação com o clima polar. Aí está o início da obra!
O álbum foi inspirado em um pedaço da história da vida de Christopher McCandless, um americano que decidiu trocar sua vida já formada (tinha dinheiro, casa, graduou em universidade) por uma vida selvagem e nômade, vivendo sozinho e retirado. Antes de fazer isso, doou 24 mil dólares a uma instituição de caridade e alegou que não agüentava mais a sociedade materialista da época. Sua história é longa. O álbum é inspirado na parte em que ele isolou-se no Alaska, em meio ao gelo, sem muitos equipamentos e comida. Esse período foi extremamente complicado, e notamos certas referências nos títulos das músicas. Christopher morreu dentro de um resto de ônibus, não muito longe do Alaska, em uma floresta, na qual alguns caçadores de alce encontraram um pedido de socorro escrito na porta do resto do ônibus. Nele estava escrito algo como "estou aleijado, continuem me procurando", entre outras frases - mas tudo isso pode ter sido alucinação, pois o corpo encontrava-se dentro de um saco de dormir e a causa da morte foi dada como fome (há rumores também de que ele possa ter comido frutos venenosos, sem saber). A música que fecha o álbum é a referência mais explícita ao caso: "Too Fragile To Walk On".
Além de possuir essa história inspiradora (que inspirou também um escritor, cujo livro inspirou um filme com a atuação de Sean Penn), Cirque é, sem dúvidas, um dos mais relaxantes
e trabalhados álbuns do Biosphere. Ele soa como um resgate a certas características dos primeiros discos com a continuação dos trabalhos mais recentes. Isso quer dizer que há baterias ou batidas, mas bem camufladas. As atmosferas existem em enorme grau, os samples vocais (creio que a maioria esteja em francês) dão um toque a mais... Bom, os trabalhos de Jensen realmente possuem um plus, totalmente difícil de explicar, mas que você perceberá ao escutar outros artistas considerados do estilo.
Biosphere, com absoluta certeza, tornou-se um artista muito original com o passar dos anos, fato esse que resultou em parcerias com The Higher Intelligence Agency, Pete Namlook, entre outros músicos. Sem se desviar de Cirque, escute "Iberia Eterea" e sinta o frio eletrônico, com um incrível sax de jazz ao fundo, o qual é somado a baterias do mesmo estilo, com o passar dos minutos. Se isso não for o suficiente, "Moistened & Dried" parece uma caverna de gelo sendo derretida. E as outras músicas? Todas boas, todas com suas particularidades, todas agradáveis.
Escute com fones, num volume pouco mais que médio, e perceba a riqueza de elementos.
Cirque: Uma viagem ártica de 47 minutos! Biosphere: Música viva. Download.

Nenhum comentário: