terça-feira, abril 28, 2009

Aphex Twin - Come To Daddy


Aphex Twin é um artista que já me surpreendeu demais... Hoje - e constantemente - me surpreende mais ainda. Quanto mais se escuta seus trabalhos com atenção, mais detalhes vão surgindo! E por mais que se conheça outros artistas, parece que cada vez mais o som dele soa original.
O primeiro trabalho que escutei foi o Selected Ambient Works 85-92. Não despertou muito interrese e ainda não desperta, sendo que o considero como o "menos bom" entre todos que ouvi. Com Windowlicker, por outro lado, o conceito mudou! São trabalhos de datas longínquas, portanto fica óbvia e lógica a diferença. Com o álbum que leva seu próprio nome, conseguiu fazer algo excepcional e à frente de seu tempo! Portanto será postado em breve e não falo mais dele até lá. I Care Because You Do e Drukqs também marcam, bem como esse maravilhoso Come To Daddy.
A faixa homônima na versão "Pappy" é uma loucura! Drum and bass e breakcore comendo solto, samples vocais muito alterados, um som distorcido e eletrônico semelhante a uma guitarra e todos aqueles arranjos imprevisíveis oriundos da mente brilhante de Richard David James estão aqui - com a originalidade que só ele tem, diga-se de passagem e mais uma vez. Na seqüência, "Flim" apresenta aquele clima mais suave do início de carreira, com agradáveis notas de teclado e atmosferas. Não por isso que as batidas sumam. Mixar batidas velozes com atmosferas suaves sempre fora uma grande qualidade dos trabalhos do Aphex Twin, e provavelmente é nesse EP que elas estão melhor evidenciadas. Ainda a respeito dessa música, ela é realmente muito marcante e até nostálgica! Estava escutando-a com uma moça e conversando a respeito. Perguntei a ela se tinha saudades de sua infância ao escutar essa faixa, pois eu tenho. Ela concordou comigo. Como se não fosse o bastante, as batidas possuem aquela sonoridade "glitch", falhada, quebrada, fato meio inusitado no geral, mas já comum para o Aphex Twin. A obra mais ousada, marcante, exótica e única, porém, não é nenhuma dessas. "Bucephalus Bouncing Ball" é seu nome, e, como sugere, imita sons de bolas pulando, chocando-se, percorrendo um caminho e tudo mais. Mas nada do que eu escreva aqui atingirá o mesmo impacto que a música em sua cabeça se apreciada com a devida atenção e com fones de qualidade. Toda a programação, a progressão, o cuidado no modelar as batidas, o dom em alterar as freqüências, passar os filtros corretos, fora a criatividade que talvez seja o grande mérito de Richard e que o faz trabalhar sob diversos outros pseudônimos (AFX, Gak, Caustic Window, Polygon Window, entre outros); tudo, tudo isso é inatingível através das letras!!! Como último destaque, cito "Funny Little Man". Richard possui uma forte obsessão pelo bizarro! Além de estar totalmente evidenciado em suas capas e vídeo-clipes, temos aqui nos efeitos das vozes. Por ora soa caricato, em outras, todavia, perturbador! Como pôde ele fazer isso em 1997 e tudo soar tão futurista até hoje?
Não é à toa que ele é considerado a figura mais influente no ramo da eletrônica de todos os tempos! Seus diversos fãs, de todos os lugares do mundo e apreciadores dos mais diversos estilos, também não surgiram do nada ou por puro marketing (aliás, o marketing dele parece nadar contra a maré! Tudo é tão incomum...). Tudo de bom que você ver/ouvir/ler a respeito dele é merecido! No mais, só escutando para realmente ter noção do que se trata. Download.

terça-feira, abril 21, 2009

Iggy Pop - Naughty Little Doggy


Até hoje não sei muito bem por que esse disco acabou se tornando um dos meus preferidos de toda a enorme carreira do seu James Osterberg Jr. aka Iggy Pop. Fora os clássicos de 77, Lust For Life e The Idiot, eu poderia muito bem escolher Blah Blah Blah ou Brick By Brick do hit "Candy", que também são considerados clássicos, ao contrário de Naughty Little Doggy que passa quase imperceptível dentro da discografia e é quase ignorado totalmente pela crítica.
De algum modo eu até concordo que o disco não é lá um 5 estrelas, mas pro inferno com toda essa conversa mole. Naughty Little Doggy é o décimo primeiro disco de Pop e tem as músicas mais roqueiras de toda a carreira, por isso faz eu ter um carinho tão especial por ele (tanto o disco quanto O cara), também pela boa produção, tipicamente anos 90: Hard Rock guitarrísticamente bem feito.
Sou da seguinte opinião: se a primeira música do disco for boa, 50% de chances de tu gostar do disco. Isso é totalmente relativo, mas eu gosto mesmo é de dar o play pela primeira vez e logo de cara, encher os ouvidos com música boa. "I Wanna Live" tem extamente esse papel, guitarra simples e viciantes, baixo encorpado, bateria esperta e um clima fanfarrão. "Knucklehead", um Hard Rock de primeira, "Innocent World", faz o estilo clássico de Pop e "Heart Is Saved", que é um punk rock urgente são os maiores destaques.
Já a parte negativa, são três músicas que não são um pé no saco, são na verdade uma tacada de baseball no meio das bolas: "Outta My Head", uma bad trip mística, "Shoeshine Girl", uma tentativa frustada de fazer um épico acústico e "Look Away", um tributo a Johnny Thunders, que não chega a ser ruim, mas é chata. Poderia ser simplesmente apagadas e teríamos um disco maravilhoso. Como não dá pra apagar do disco - em mp3 pode muito bem fazer isso se achar pertinente - o jeito é passar essas músicas e chutar o pau da barraca nas outras. Download.

segunda-feira, abril 20, 2009

Sigur Rós - We Play Endlessly


Não sou a pessoa que mais gosta de compilações, coletâneas e o diabo a 4. Na verdade, tô bem longe disso, acho quase sempre uma grande besteira e injusto, mas tem gente que gosta, principalmente quando quer conhecer uma banda nova, ou quando quer aquele sucesso. Resolvi selecionar We Play Endlessly por duas razões: A maneira qual foi lançado e também pelo primeiro motivo, se alquém quiser conhecer, achei uma boa maneira de conhecer.
Só para se tornar padrão como todas as reviews de Sigur Rós, sim, eles são da Islândia, e dá para dizer que talvez sejam o único produto de lá, além da Björk. Pulando a mesmice, essa coletânea saiu num encarte do jornal inglês The Independent, e foi compilado pela própria equipe jornalística, junto com uma matéria sobre a invasão do grupo, com seu som hipnótico dentro do continente Europeu, uma bela matéria.
O grupo despontou como um dos grandes nomes do Post-Rock e tem uma fórmula única de fazer música. Fugindo do padrão, eles começam cantando em islandês mesmo, que fica evidente aí em baixo, no nome das músicas, e contam com os mais diferentes tipos de instrumentos, usando as mais variadas estruturas musicais, daí o termo “hipnótico”, por todo o minimalismo desenvolvido e envolvido.
A coleção conta com músicas do último disco do grupo, lançado ano passado, Með suð í eyrum við spilum endalaust, da obra prima Takk, de 2005 e mais de um EP e de uma coleção de B-Sides. O início do disco ficou matador, mas como eu disse que toda a coleção é injusta, ficaram devendo músicas do Ágætis byrjun, a não ser que tenha sido algo contratual, mas ainda acaba sendo um bom disco. Tão bom, que acabou sendo um dos downloads mais procurados e rumores de uma versão “de gravadora” mesmo. Serve basicamente pra conhecer o maravilhoso som do grupo. Dwnld.

Bob Mould - Life And Times


Todo mundo deve ter um herói dentro da música, e Bob Mould poderia ser facilmente uma das pessoas que eu mais admiro no ramo. Nos anos 80, foi o frontman da fundamental banda Hüsker Dü e nos 90, passou pra não menos importante, mas menos conhecida, Sugar. Mestre em esccrever letras profundas, introspectivas e ácidas, seu maior mérito é o senso melódico, de conseguir fazer a músicas mais barulhenta em algo até assobiável.
Life And Time já é seu nôno disco de carreira solo, que começou lá em 88-89, no lançamento da obra Workbook. Durante várias experimentações e viagens em alguns discos durante os anos 90 e iníco dos anos 2000, desde 2005 ele vem acertando a mão, fazendo discos de tirar o chapéu. Life And Time faz parte de um trinca que poderíamos chamar de “fodástica”, Body Of Song (2005), District Line (2008 - e um dos destaques do ano passado) e agora esse disco que falo.
Se o disco lançado ano passado provou mais uma vez que eles estava vivo e chutando várioas traseiros, esse novo disco vem só para relembrar-nos disso, porém algumas vezes, parece que estamos ouvindo o mesmo disco, pode ser ruim ou não. A velha história do “de volta as raízes”, as “eletronicidades” ficaram escassas e viva as guitarras: “Argos” é o que mais se aproxima da carreira dele com o Dü, ou então um B-Sides do Sugar. Preferindo gastar o disco inteiro em mid-tempos ou em algumas baladas, é um disco com senso melódico mais que apurado, coisa de mestre, e pretensão Pop, que poderia tocar em qualque rádio e fazer sucesso.(IN)felizmente, tu vai escutar isso só em alguma college-radio.
Comemorando o aniversário de 20 anos do lançamento do seu primeiro disco, discão, diria eu, Sr. Mould nos traz mais um belo presente, lançado novamente pela ANTI- e sem nenhuma perspectiva de receber versão nacional. Toda a experiência do cara para mais momentos de diversão. Dwnld.

Mono - Hymn to the Immortal Wind


Post-Rock ou pós rock, é, para mim, um dos genêros mais fudidos dentro de todos os gêneros e subgeneros que levam junto a definição “rock”. Se tu não sabe do que se trata, te apresento minha amiga Wikipedia. Depois que tu entra pra esse universo “mágico” de uma nova visão sobre musica alternativa, tu começa a buscar cada vez mais nomes.
Nos útlimos (2 - 3) anos, os grandes acabaram lançando discos “fracos”, Explosions In The Skye, Mogwai e 65daysofstatic, bandas novas abrem espaço, e os japoneses do Mono já não são mais tão novos assim, estão perto de fazer seus 10 anos de estrada e fizeram um disco arrebatador e talvez até o melhor de sua carreira.
Fazer músicas compridas já deixou de ser algo ambicioso faz tempo, mas eles ainda conseguem usar essa fórmula, misturando guitarras estridentes com passagens cinemáticas, eles conduzem com maestria a tênue linha entre barulho e melodia, guiados pelo mestre Steve Albini, que ficou no cargo de produtor. Da fúria do nosso guitarra-baixo-bateria, passam em instantes para a beleza de pianos, percussões, metalofones e uma orquestra inteira (!). Definitivamente, um álbum pra se escutar na tranquilidade, nas suas passagens de tensão monstruosas até a beleza épica. É só escutar e fazer um filme na tua cabeça. Dwld.

Brutal Truth - Evolution Through Revolution


Nome de respeito no cenário do grindcore mundial, visto que surgiram em 1990 e, de lá para cá, lançaram pérolas do gênero, como Sounds of the Animal Kingdom e o debut Extreme Conditions Demand Extreme Responses. Além disso, splits com outras bandas grandes também fazem parte da história do grupo. Como exemplos podemos citar Spazz (power violence infernal), Melvins (pais do sludge, para muita gente) e Converge (uma loucura além de rótulos, mas popularmente dita como "mathcore").
Tudo de positivo que é dito acerca da banda é justo, basta lembrarmos que uma das principais cabeças do grupo é Dan Lilker, ninguém menos que um dos mais experientes músicos do cenário metálico/hardcore dos EUA, mais lembrado por seu belo trabalho no Nuclear Assault.
Evolution Through Revolution chega mais de 10 anos após o último full, mas não que esse tenha sido o último lançamento. De qualquer modo, a espera compensou! Temos a oportunidade de conferir um grindcore bem sujo, ríspido e com toques experimentais, tudo feito de um modo bem atraente! Fora o que já era tradicional do grupo, temos a adição de uns solos bem rock and roll, passagens com instrumentos desconexos um dos outros (como se cada um tocasse traços de determinado estilo), jazz técnico e muito mais. A faixa que melhor exprime tudo isso é "Semi-Automatic Carnation", vide sua linha de bateria e as atmosferas da produção de estúdio. Ainda na questão do experimentalismo, temos muito efeito em alguns vocais, a ponto de deixá-los soando eletrônicos, sem esquecer das guitarras de trás para frente (escute com atenção e perceberá! São poucos esses momentos, mas eles existem). Outro fato notório é que devido à modernidade da produção, conseguiram deixar o contra-baixo como uma aperfeiçoação daquele típico dos anos 80 (mais para médio do que grave, com muita sujeira de fundo)! No mais, pancadarias como a primeira faixa "Sugardaddy", a estranha "Detached" e a humorística "Bob Dylan Wrote Propaganda Songs" rendem picos de empolgação na audição do disco.
Um bom álbum, numa ánalise geral. Dão-nos o que era esperado - velocidade, brutalidade, certa técnica e experimentalismo -, só que de uma maneira não muito convencional. Bom! Sinal de que a banda conseguiu se reciclar sem perder a essência. Indispensável a quem aprecia uma sonoridade voraz! Download.

domingo, abril 19, 2009

Condo Fucks - Fuckbook


Condo Fucks é o nome que o trio de nova Jersey, Yo La Tengo, resolveu retomar ano passado para matar o tempo de forma diferente. Usando os nomes fictícios Georgia Condo (bateria), Kid Condo (guitarra), and James McNew (baixo) o grupo fez algo bem pretensioso e inesperado.
Já que foram uma das importantes bandas do underground americano, acabaram descanbando pro lado do post-rock e alternatividades mais complexas, deixando o rock e o folk mais de lado e investindo em ótimas produções e, durante o alto dos anos 90, lançaram um disco de covers, chamado de Fakebook.
Na contramão dos últimos trabalhos do grupo, Fuckbook (referências já ditas) pode ser considerado como: Um chute no cu. São 11 músicas covers, em sua grande maioria, de artistas sessentistas na linha de Richard Hell, Slade, Small Faces, Kinks, Troggs e até Beach Boys, impressas da maneira mais garageira e crua possível. O disco foi gravado ao vivo em estúdio e é uma tosqueira só, poderia chamar isso tranquilamente de Nihilismo musical.
Logo de início, pode parecer ruim de se ouvir e realmente é. Guitarra suja e distorcida com muito barulho, que vai dando momentos de mais melodia, em meio aos barulhos agudos de pratos, igualzinho aquela k7 da tua banda. Interessante pra quem é fã, Fuckbook é um dos grandes lançamentos da Matador este ano, justamente por ser inesperado.`Dwld.

…And You Will Know Us By The Trail Of Dead - The Century Of Self


O Trail of Dead foi uma das maiores surpresas no início dos anos 2000 para os fãs de Pixies, Sonic Youth, Fugazi e Superchunk. Uma banda que fazia um som ensurdecedor, com punch, com melodia NOISE e discos inteligentíssimos, tirando ainda a mística por trás de todas suas apresentações.
De Sources & Tags pra esse Century Of Self já se passaram 7 anos e dois discos pelo meio. Com acusações de terem perdido o fio da meada, ou pecado na criatividade, esse novo disco divide opiniões. A investida de soar épicos no meio do Noise Rock acabou se tornando algo quase visual, surge aí então o tal Art Rock, que até hoje não entendi muito bem.
No geral, achei um disco bem balanceado, viagens progressivas com flertes Glam, passagens épicas dão trégua a barulheiras desenfreadas. A grande diferença é que os momentos mais melódicos, mais calmos e elaborados predominam pelo menos em metade do disco. Não que isso seja ruim, até um pouco longe disso, o que vai determinar a validade disso é o ouvinte. Eu, como fã, achei o disco de certa forma inconsistente, muito balanceado, entre o esporro e a melodia bem trabalhada, porém, de uma visão mais crítica, o disco se apresenta mais completo que os anteriores, líricamente e conceitualmente.
Nota importante: Essa capa foi toda desenhada a mão, com uma caneta BIC pelo vocalista Conrad Keely. Acho que foi isso que fez eu dar uma nota maior, pois a única coisa que eu posso falar a respeito é: Faltou destruição. DL.